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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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mas ainda conserva, da religião africana, o sistema<br />

<strong>de</strong> correspondências místicas entre as cores, os dias,<br />

as forças da natureza, as plantas e os animais(...) A<br />

Umbanda se torna a forma africana da magia branca.<br />

(BASTIDE, 1971:447)<br />

Conforme Neves (1991), a Umbanda é um fenômeno tipicamente<br />

urbano, ao contrario, por exemplo, do vodu haitiano, assentado na<br />

área rural. Trata-se <strong>de</strong> uma tentativa consciente <strong>de</strong> reorganização<br />

das antigas religiões africanas <strong>de</strong>nominadas macumba. Esta se apresentava<br />

como resultante da urbanização e industrialização do País,<br />

fenômenos que reduziram o elemento negro à condição <strong>de</strong><br />

subploretariado.A esse respeito, Basti<strong>de</strong> (1971), nos diz que no primeiro<br />

momento a industrialização “<strong>de</strong>strói” a comunida<strong>de</strong> dos negros,<br />

e no segundo ela “cria uma nova reorganização dos liames sociais,<br />

sob a forma da solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classe”. É verda<strong>de</strong> que com a<br />

industrialização, portas são abertas com oportunida<strong>de</strong>s para os negros<br />

garantirem seu sustento e se “fundir” no proletariado. Porém,<br />

alei protege o trabalhador nacional sem distinção <strong>de</strong> cor, e como o<br />

filho do imigrante por ter nascido no Brasil, é consi<strong>de</strong>rado brasileiro,<br />

acaba por <strong>de</strong>ixar o negro em um segundo plano, cabendo a ele trabalhos<br />

subalternos e não qualificados:<br />

Esta população urbana era uma população marginal.<br />

De um lado pelo trabalho livre, aproximava-se<br />

dos brancos e, <strong>de</strong> outro, pela cor, era rejeitado da<br />

verda<strong>de</strong>ira socieda<strong>de</strong>. Devia, portanto, sofrer por causa<br />

<strong>de</strong> sua condição racial, e, ao menor inci<strong>de</strong>nte, todo<br />

o ressentimento recalcado, todas as injustiças suportadas<br />

em silencio, todos os ódios acumulados,<br />

<strong>de</strong>viam-se mostrar bruscamente, explodir em insurreições<br />

caóticas. (BASTIDE, 1971, p.141)<br />

De acordo com Basti<strong>de</strong> (1960), esse “marginalismo social não<br />

po<strong>de</strong> ser senão um momento <strong>de</strong> transição, <strong>de</strong>vido à exagerada rapi<strong>de</strong>z<br />

das transformações do país”. Com a proletarização do negro, a assimilação<br />

do imigrante, o geral ressurgimento do nível <strong>de</strong> vida das massas,<br />

outros fenômenos vão aparecer, <strong>de</strong> reintegração cultural e social. E<br />

nessa reestruturação, o que restou das religiões africanas será por<br />

sua vez retomado e modificado para dar nascimento ao espiritismo <strong>de</strong><br />

Umbanda.<br />

Para Moura, o negro urbano paulista busca junto a Umbanda o<br />

restabelecimento <strong>de</strong> seus padrões religiosos e assume status <strong>de</strong><br />

prestigio. Na primeira fase da Umbanda, seus gran<strong>de</strong>s “babalaôs”eram<br />

negros. Conforme Camargo, quando dizemos que o negro encontrou

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