Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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Druzos na Síria e no Líbano, Zaiditas e Islamitas no<br />
Iêmen (LEWIS, 1982, p. 24).<br />
Deste processo há países hoje que passaram pela islamização,<br />
mas não são árabes como a Turquia, o Irã e o Paquistão e outros que<br />
passaram pela arabização sem ser islamizados como o Líbano.<br />
No século XIII os mongóis iniciaram invasões pelo leste, posteriormente,<br />
no XV organiza-se ascensão do Império Turco. Estes acontecimentos<br />
irão abalar o po<strong>de</strong>r dos árabes nos seus domínios, logo ser<br />
árabe era ser alguém que estava à margem do po<strong>de</strong>r. Os turcos só<br />
per<strong>de</strong>rão força no século XIX quando o Imperialismo europeu lança interesses<br />
sobre a região. Da vinda <strong>de</strong>stes oci<strong>de</strong>ntais no Oriente Médio<br />
<strong>de</strong>staca-se a idéia <strong>de</strong> nação, <strong>de</strong>ntre as muitas trazidas.<br />
O nacionalismo vai tomar fôlego no Egito com Ab<strong>de</strong>l-Nasser, o<br />
que alimentou o sentimento pan-arabista, há uma retomada <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />
com o sentir-se árabe na pretensão <strong>de</strong> unificar os países árabes.<br />
Porém para intelectuais como Taha Hussein e Luís Auad ser egípcio<br />
era diferente <strong>de</strong> ser árabe, era <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r do povo faraônico (NUNES,<br />
2002, p. 191). Ainda há outros que afirmam que ser árabe significa falar<br />
a língua árabe, como Sati Al-Husri que argumentava uma possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> homogeneização dos árabes por via lingüística, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando<br />
particularida<strong>de</strong>s sócio-geográficas locais (HARBI, 1998, p. 88).<br />
No final do século XIX para quem é imigrante a questão se diferencia<br />
ainda mais, pois a concepção <strong>de</strong> árabe atinge significado diferente,<br />
pois o valor <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-se é diferente para quem foi imigrante<br />
e que é <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> imigrante já que “viajar para outras terras com<br />
costumes estranhos sensibiliza o imigrante a um apego maior pela<br />
sua etnia”, que anteriormente a emigração o viajante não tinha (NUNES,<br />
2002, p. 192).<br />
O caso dos sírios e libaneses que vieram para Dourados é que<br />
apren<strong>de</strong>ram a ser um pouco mais brasileiros e doura<strong>de</strong>nses, mas também<br />
conservaram elementos <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sírio-libanesa e árabe,<br />
mesmo que se sintam e <strong>de</strong>clarem sírios e libaneses, o fato <strong>de</strong> estar<br />
sobrevivendo noutra terra, falar outra língua, alimentar-se com outra<br />
culinária, vestir-se <strong>de</strong> modo oci<strong>de</strong>ntal são indícios materiais e simbólicos<br />
<strong>de</strong> uma apropriação <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> outra cultura mas isto não<br />
significa que se tornaram tal qual os nativos, nem <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser o<br />
que eram, mas hibridaram-se com as duas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, para gerar um<br />
outra, estavam num lugar e vieram para outro, um não-lugar, são pessoas<br />
que estão num entre-lugar (AUGÉ, 1997). Iniciada a discussão<br />
sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> árabe é preciso, como dito recorrermos à história<br />
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