Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

te muitas vezes nas posições de partidos políticos de
oposição, os partidos de esquerdas em geral. (1986,
p.68)
Referente a este assunto que Fernandes explicita, de que a
propriedade que o Estado defendia não era a mesma que a Igreja estava
defendendo, é preciso refletir e tomar cuidado com esta afirmativa.
Pois a Igreja se manifesta num complexo de relações e não questionava
a propriedade privada da terra; mas o modo como a terra vinha sendo
distribuída 4 .
Torna-se interessante enfatizar, quando Fernandes (1998) salienta
que as Comunidade Eclesiais de Base (CEBs) surgidas a partir
dos anos 70, nas cidades e em grupos familiares no interior, foram
lugares sociais onde constituíam-se espaços de reflexão sobre a realidade,
criando experiências para organização dos trabalhadores rurais
contra a política agrária em questão. O mesmo diz que naqueles espaços
os sujeitos iriam se politizar, começando dessas comunidades
novas formas de organização social.
Deste modo, as CEBs tiveram grande relevância como um lugar
social onde os trabalhadores encontravam condições para se organizarem,
lutar contra as injustiças, reivindicando seus direitos. “As CEBs
se tornavam um espaço de socialização política, onde as famílias se
reuniam para se conhecerem, e pensarem sobre seu papel na sociedade.”
(FERNANDES, 1998, p.31)
As CEBs baseavam se predominantemente na Teologia da Libertação.
Mas o que vem a ser Teologia da Libertação? Quais as visões
deste tipo de Teologia? Analisando a obra de Leonardo Boff (1986),
nota-se resumidamente que esta teologia é voltada para os oprimidos.
A libertação proposta por esta teologia deve se dar nos mais variados
aspectos: econômico, social, político e religioso.
De acordo com as palavras de Boff, é possível tentar compreender
do que se trata a Teologia da Libertação;
Trata-se de uma libertação que diz respeito a estruturas
econômicas, sociais, políticas e ideológicas. Trata-se
de atuar sobre as estruturas e não só sobre as
pessoas, buscando mudar as relações de força entre
os grupos sociais para que nasçam estruturas
novas que comportem maior participação dos excluídos.
A Cristologia da Libertação toma partido pelos
oprimidos e acredita ser impelida a isto pela fé no
Jesus histórico. (1986, p.23)
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