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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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sujeitos – diferentes ou nem tanto. São exercícios<br />

que tenho experimentado nos últimos anos, on<strong>de</strong>, ao<br />

invés <strong>de</strong> partir <strong>de</strong> uma imagem <strong>de</strong> um MST pronto, <strong>de</strong><br />

sujeitos prontos, procurei investigar as instâncias<br />

discursivas produzidas no interior <strong>de</strong>sse movimento<br />

social. Dispositivos que vêm produzindo um <strong>de</strong>vir MST<br />

e uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeitos que, no interior <strong>de</strong><br />

produções subjetivas, se constituem e são constituídos,<br />

em diferentes níveis, como sujeitos <strong>de</strong> um projeto<br />

político e social: <strong>de</strong> luta pela terra e construção<br />

do novo. (2004, p. 21)<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que através das leituras dos materiais<br />

impressos pelo MST e sobre o MST, nos últimos vinte anos, percebese<br />

que o processo em que se organizam vêm construindo outras visões<br />

e preocupações além da terra. Os seus discursos foram se modificando<br />

<strong>de</strong> acordo com o seu <strong>de</strong>senvolvimento político e i<strong>de</strong>ológico.<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Silva, João Pedro Stédile, lí<strong>de</strong>r autorizado em publicitar<br />

a história do MST, evi<strong>de</strong>ncia que a postura e as convicções do Movimento<br />

foram sendo modificadas ao longo <strong>de</strong> sua construção. Quando<br />

se constituiu como Movimento nacional, havia em sua organização <strong>de</strong><br />

certa forma uma visão simplista da reforma agrária. Entretanto, no período<br />

em que antece<strong>de</strong>u o 3º Congresso Nacional do MST, em julho <strong>de</strong><br />

1995, foi elaborada uma nova proposta <strong>de</strong> reforma agrária, mais complexa<br />

do que a simples distribuição <strong>de</strong> terra.<br />

O MST nas palavras dos sujeitos que o constituem não luta<br />

apenas pela terra, mas pela saú<strong>de</strong>, educação, saneamento básico,<br />

contra a miséria, <strong>de</strong>ntre outros aspectos que dão dignida<strong>de</strong> e respeito<br />

à vida humana. O Movimento objetiva, então, construir uma “nova” socieda<strong>de</strong>,<br />

um “novo” homem.<br />

O MST E A IGREJA<br />

Fernan<strong>de</strong>s (1998), relata que no final dos anos 60 iria surgir um<br />

fato novo no Brasil. A igreja se engajaria em uma socialização política<br />

na questão da terra. Este autor comenta que o tipo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> que<br />

o Estado <strong>de</strong>fendia não era o tipo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> que a Igreja estava<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo. Neste aspecto, José <strong>de</strong> Souza Martins <strong>de</strong>screve que:<br />

A Igreja começa a trabalhar o problema não na expectativa<br />

da acumulação, mas na perspectiva da distribuição.<br />

É isso que vai marcar toda a posição <strong>de</strong>la até<br />

hoje, trabalhar com a idéia <strong>de</strong> pobre e pobreza, e não<br />

com a idéia <strong>de</strong> acumulação que é o que esta presen-<br />

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