Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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Esta população ingênua a estes termos e terminologias, a que<br />
me referi acima, na maioria das vezes não consegue perceber ou se<br />
fazer enten<strong>de</strong>r nessa relação <strong>de</strong> que faz parte entendo que é uma<br />
relação antes <strong>de</strong> tudo política/econômica. Para muitos <strong>de</strong>les é apenas<br />
uma questão <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> vida, buscar algo maior, ou melhor, mas<br />
todas estas diferenças, dificulda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e/ou divergências<br />
é fruto <strong>de</strong> um ambicioso e bem articulado plano político ditatorial que<br />
foi posto em prática em fins dos anos 50 e início dos anos 60 do<br />
século XX, pensado pelo governo paraguaio que contou com a conivência<br />
do governo brasileiro. O objetivo num primeiro momento era dar<br />
ritmo <strong>de</strong> crescimento para aquele país, e neste contexto cabe lembrar<br />
ainda a atuação <strong>de</strong> empresas colonizadoras que eram escolhidas “a<br />
<strong>de</strong>do” para abrir caminho e incentivar outros agricultores, segundo Carlos<br />
Wagner, “as empresas <strong>de</strong> colonização surgiam da noite para o dia e<br />
<strong>de</strong>sapareciam com a mesma rapi<strong>de</strong>z. A isca maior sempre foi a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> comprar terras férteis a preços baixos, o que funcionou<br />
com gran<strong>de</strong> atrativo” (WAGNER, 1990, p. 15).<br />
Com o artifício eficiente da propaganda <strong>de</strong> terras férteis e baratas,<br />
tais propostas seduziram principalmente os pequenos proprietários,<br />
agricultores que vendiam suas proprieda<strong>de</strong>s no Brasil para comprar<br />
terras no Paraguai, ali morar e produzir.<br />
Num primeiro momento são os imigrantes do norte e nor<strong>de</strong>ste<br />
do Brasil que chegam ao país vizinho, a utilização da mão <strong>de</strong> obra<br />
<strong>de</strong>sses é utilizada para a <strong>de</strong>rrubada das matas, pois os articuladores<br />
entendiam que os imigrantes do norte e nor<strong>de</strong>ste do Brasil eram mais<br />
pobres, na maioria das vezes não tinham posses e sua mão <strong>de</strong> obra<br />
servia <strong>de</strong>ssa maneira como agregada dos gran<strong>de</strong>s colonizadores, ou<br />
seja, eles não tinham tradição <strong>de</strong> proprietários, servindo <strong>de</strong>ssa forma<br />
como bóias-frias.<br />
Os agricultores do sul do Brasil foram presas fáceis <strong>de</strong>sse bem<br />
articulado plano <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização agrícola paraguaia, especialmente<br />
na produção <strong>de</strong> grãos – milho e soja – <strong>de</strong> maneira semelhante aos<br />
nor<strong>de</strong>stinos, os “gaúchos” são atraídos pela propaganda <strong>de</strong> Stroessner,<br />
sua mão <strong>de</strong> obra foi utilizada <strong>de</strong> maneira diferente, uma vez que estes<br />
são mais eficientes na plantação e na produção <strong>de</strong> alimentos e animais<br />
domésticos – vacas, galinhas e porcos – por terem maior afinida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trabalho com essas ativida<strong>de</strong>s, os agricultores dos sul do Brasil<br />
ainda conciliavam todos esses fatores à pouca distância entre os dois<br />
países. Dessa maneira tem-se início <strong>de</strong> maneira mais acentuada a<br />
migração <strong>de</strong> brasileiros ao Paraguai, pondo em funcionamento o plano<br />
do General Stroessner no início da segunda meta<strong>de</strong> do século XX.<br />
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