Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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Conforme Sá Jr. (2003), essa religião afro-brasileira po<strong>de</strong> ser<br />
consi<strong>de</strong>rada como uma <strong>de</strong>ntre as múltiplas interpretações,<br />
reelaborações, ressignificações e reinvenções das praticas e representações<br />
que foram legadas pelas tradições das diversas etnias que<br />
constituíram o “conjunto da população brasileira”.<br />
Analisando seu trajeto, nota-se que este não foi fácil. O negro, e<br />
tudo o que a ele esta relacionado, tem consigo um histórico <strong>de</strong> subordinação<br />
e é visto <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>storcida. Sua cultura, sua cor, vistas <strong>de</strong><br />
forma marginalizada, sofreram ferrenhas censuras.<br />
Mas não nos precipitemos. Com este estudo procuraremos compreen<strong>de</strong>r<br />
como foi esta ação “censuradora” para com esta pratica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o chamado “nascimento” da Umbanda. Indo alem, preten<strong>de</strong>mos<br />
<strong>de</strong>monstrar como o negro conseguiu encontrar-se socialmente a partir<br />
<strong>de</strong> sua organização, criando as religiões afro-brasileiras e obtendo, em<br />
alguns casos, sua ascensão social. De acordo com Camargo (1961),<br />
obtendo status <strong>de</strong> prestigio, o negro compensava o triste cotidiano<br />
medíocre que tinha.<br />
E é com o auxilio das teorias e métodos oferecidos pela Nova<br />
<strong>Historia</strong> que procuraremos fazer algumas reflexões a respeito da difícil<br />
trajetória das religiões afro-brasileiras, dando enfoque à Umbanda na<br />
Metrópole do Café.<br />
UMA NOVA HISTORIOGRAFIA<br />
As novas abordagens face ao “negro brasileiro” são relativamente<br />
recentes na historiografia nacional, tendo em vista que estes olhares<br />
começaram a atrair os historiadores à partir da década <strong>de</strong> 1980.<br />
Durante mais <strong>de</strong> um século, as pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas sobre<br />
a religiosida<strong>de</strong> afro-brasileira eram elaboradas por pesquisadores antropólogos.<br />
“(...) a crise dos paradigmas tradicionais, <strong>de</strong>ntre eles o<br />
marxista, proporcionou um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas teorias,<br />
metodologias e métodos com o advento da nova historia”.(MARIO DE<br />
SÁ, 2003)<br />
A esse respeito, Duby (1991), nos diz que, conforme os<br />
ensinamentos que recebeu dos Annales, <strong>de</strong>vemos estar sempre atentos<br />
quanto ao que ao outras disciplinas po<strong>de</strong>m nos oferecer, já que o<br />
historiador não po<strong>de</strong> se manter fechado, trabalhando friamente, e sim,<br />
procurar mostrar ao leitor o quão apaixonante é o seu trabalho e a<br />
maneira pela qual foi <strong>de</strong>senvolvido:<br />
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