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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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Paulo, on<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> caminhoneiros é intenso. Este local é ponto <strong>de</strong><br />

prostituição feminina e <strong>de</strong> homossexuais. Portanto, estas travestis que<br />

se encontravam no local <strong>de</strong>scrito eram profissionais do sexo, nos levando<br />

a refletir que esta prática é um oficio, que trabalha com o corpo<br />

e com o sexo, possuindo características semelhante a outro tipo <strong>de</strong><br />

trabalho formal, com a lei da oferta e da procura. Esta prática, porém,<br />

é marginalizada pela socieda<strong>de</strong> que não a vê tal como um trabalho,<br />

levando muitos a se referir a quem exerce a prostituição como “<strong>de</strong>socupados”.<br />

Neste artigo as fontes nos apontaram que os comportamentos<br />

<strong>de</strong> grupos sociais que compõem uma comunida<strong>de</strong> têm sido, historicamente,<br />

focos <strong>de</strong> uma visão maniqueísta que oscila entre a “moral e o<br />

bom costume” e o “imoral e <strong>de</strong>pravado”. Não há como negar uma rígida<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> papéis específicos para cada membro <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>,<br />

fazendo surgir pólos – em princípio, opostos –, como masculino e<br />

o feminino, que <strong>de</strong>ixam bem clara a posição “ocupada” pelos sujeitos<br />

numa dada socieda<strong>de</strong>.<br />

Quando <strong>de</strong>stacamos neste trabalho, primeiramente, a convicção<br />

<strong>de</strong>stes sujeitos em se reconhecer como mulheres no episódio do<br />

banheiro feminino, diante das normas da socieda<strong>de</strong> percebemos o<br />

quanto pesa tal afirmação. Ser um homem, biologicamente do sexo<br />

masculino, se trajar e agir como mulher e ser <strong>de</strong> orientação homossexual,<br />

em uma socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> personagens já são pré-<strong>de</strong>finidos com<br />

base em tradições e costumes, acarreta inúmeras sanções e uma<br />

<strong>de</strong>la seria a marginalização, privando-os dos direitos comuns a todos<br />

seres humanos como, por exemplo, ir ao banheiro ou se matricular em<br />

uma escola pública 3 . Aqui notamos uma dinâmica <strong>de</strong> gênero, on<strong>de</strong> a<br />

socieda<strong>de</strong> habituada a homens se vestindo, agindo e tendo relações<br />

com mulheres, se confronta com a subversão do homem tradicional<br />

por um grupo, este composto por homens que se comportam como<br />

mulheres. Eis uma questão, “[...] porque [sic] vocês não suportam<br />

encontrar em um homem as atitu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejos e comportamento que<br />

exigem <strong>de</strong> uma mulher?” (HOQUENGHEM, 1980).<br />

Po<strong>de</strong>mos caracterizar essa releitura <strong>de</strong> papéis como transformações<br />

<strong>de</strong> gênero, estas acabam modificando consciências e remo<strong>de</strong>lando<br />

as estruturas já existentes. Essa reforma é introduzida por um<br />

conjunto <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo sócio-sexual. Esta transformação não<br />

po<strong>de</strong> ser, contudo, facilmente aceita, pois, mesmo no século XXI, há<br />

gran<strong>de</strong> discriminação para com a orientação sexual <strong>de</strong>sses indivíduos<br />

em face do modo como eles se apresentam e agem no contexto da<br />

socieda<strong>de</strong>. Esta discussão nos leva a perceber que a prática da pros-<br />

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