Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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Essa situação <strong>de</strong> monopólio da terra e do po<strong>de</strong>r político<br />
no Mato Grosso do Sul, duramente sufocada ao<br />
longo das décadas, começa a ser questionada no<br />
final dos anos <strong>de</strong> 1970 e inicio dos anos <strong>de</strong> 1980,<br />
através do movimento dos arrendatários no sul do<br />
estado (ALMEIDA, p. 120).<br />
A primeira gran<strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> terra no Mato Grosso do Sul<br />
ocorre em 1981, entre os dias 04 e 13 <strong>de</strong> Maio na fazenda Baunilha, no<br />
município <strong>de</strong> Itaquiraí. Esta ocupação ocorre a partir <strong>de</strong> um trabalho<br />
<strong>de</strong> base realizado principalmente pela CPT e pelos sindicatos que ali<br />
começavam a se formar, buscando realizar discussões sobre a organização<br />
das ocupações nas comunida<strong>de</strong>s da região. Este período marcou<br />
os primeiros germes para o nascimento do MST no estado:<br />
A gênese do MST no Mato Grosso do Sul começa no<br />
início dos anos <strong>de</strong> 1980 e, <strong>de</strong> certo modo, já imbricado<br />
com os estados do Sul, juntamente com São Paulo<br />
da região su<strong>de</strong>ste. Essa articulação fica bastante<br />
evi<strong>de</strong>nciada nos relatos <strong>de</strong> Stéli<strong>de</strong> (1999), quando ao<br />
resgatar as primeiras reuniões <strong>de</strong> formação do MST,<br />
como o encontro <strong>de</strong> articulação regional ocorrido na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medianeira/PR, em 1982, e cita como marco<br />
os conflitos vivenciados em Naviraí/MS (ALMEIDA,<br />
p. 147).<br />
No ano <strong>de</strong> 1984 ocorre a ocupação <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> aproximadamente<br />
8.762 ha, pertencente a uma empresa <strong>de</strong>nominada SOMECO<br />
S/A. Cerca <strong>de</strong> 1500 famílias participam do que é consi<strong>de</strong>rada a primeira<br />
gran<strong>de</strong> ocupação organizada pelos Sem Terra no Mato Grosso do<br />
Sul 3 . A chamada gleba Santa Idalina, localizada no município <strong>de</strong><br />
Ivinhema, é marcada pela luta <strong>de</strong> ex-arrendatários, bóias-frias e um<br />
pequeno grupo <strong>de</strong> brasiguaios e ilhéus, <strong>de</strong>monstrando a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
sujeitos envolvidos nesta luta e que trazem variadas motivações e necessida<strong>de</strong>s<br />
junto às lutas já existentes.<br />
Em busca <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>rmos as formas <strong>de</strong> lutas que envolveram<br />
(e envolvem) a vida <strong>de</strong>stes sujeitos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a conquista da terra e<br />
novo lar, passando pelos problemas enfrentados em seu cotidiano, temos<br />
que esta luta apresenta especificida<strong>de</strong>s regionais. Especificida<strong>de</strong>s<br />
esta que se encontram relacionadas à forma como se <strong>de</strong>u inicialmente<br />
à luta pela terra, nas relações entre os sujeitos, sindicatos e organizações<br />
existentes, por exemplo.<br />
Nos estudos realizados por Almeida (2003) e Oliveira (2002),<br />
observamos que a coor<strong>de</strong>nação das lutas pela terra no estado <strong>de</strong> Mato<br />
Grosso do Sul, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984 até hoje, em sua maioria, é realizada pela