Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

não fossem os tripés ou as forquilhas para o apoio
do vasilhame em pleno tempo, porque dentro dos
ranchos estava sujeito as chamas destruírem as moradas
que eram todas cobertas de sapé.À noite podemos
dizer que se passava quase em trevas. As
candeias sustentadas pelo óleo de mamona ou querosene
pouco valiam. (REIS, 2000, p. 24).
Reis nos chama a atenção para o fato importante de a vida nos
sertões se cheia de muitas dificuldades, desconstruindo a idéia romanesca
que muitos possuem sobre a mesma. O fato de os sertões do
extremo noroeste paulista muitas vezes proporcionar uma vida árdua e
de difícil acesso as demais regiões povoadas do estado e do resto do
país, possibilitou, de certo modo, que fugitivos assassinos, enfim todas
as espécies de degredados para lá se dirigissem na esperança de
não serem encontrados.
A alimentação outro ponto importante da vida cotidiana destes
caboclos (sertanejos). Ao contrário do que muitos dizem ou fazem
idéia, estes homens possuíam uma alimentação muito simples e, por
vezes, deficiente, contentando-se apenas com o mínimo necessário
para sua sobrevivência. Sendo à base de sua dieta o arroz, o feijão, a
mandioca e o milho, lançavam mãos de outros recursos como a caça
e pesca, assim como praticavam atividades de coleta, como exemplo
a extração do palmito silvestre e do mel. Antonio Candido identifica
outros alimentos com os quais estas sociedades podiam contar, porém
estes eram utilizados em menor escala:
Em torno destes alimentos básicos, ordenavam-se
outros freqüentes, embora não constantes: as diversas
abóboras [...]; tuberosas, como a batata-doce, o
cará, o mangarito – todos autóctones... Quanto aos
temperos e condimentos, alma da culinária, já vimos
que a influencia portuguesa assimilou por meio deles
os alimentos da terra. As pimentas (gênero Capsicum)
adubo de índio, passaram principalmente as populações
litorâneas e nortistas, mas também as caipiras;
nunca, todavia, em detrimento do sal e do gordura [...].O
leite, o trigo, a carne eram e são excepcionais na dieta
do caipira, constituindo índice de urbanização ou situação
social acima da média. Não porém o doce, isto é,
o açúcar, que todos procuravam obter nas engenhocas
de casa, se não pronto, ao menos sob as formas de
garapa e rapadura. Acrescente-se a aguardente de
cana, estimulante que o caipira parece nunca ter dispensado.
(2003. p. 70-71).
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