Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

FETAGRI. Este dado se torna relevante a partir do fato de existirem
diferenças em torno do conceito de organicidade por parte destas organizações,
sindicatos e o MST.
No sentido da luta pela terra, para o MST, coordenar esta luta
significa estar presente nela antes, durante e depois da conquista.
Percebemos que, no caso da FETAGRI, somente ter estes sujeitos
filiados ao sindicado já representa a “legitimidade” para o direito a terra,
como se constituiu no caso do Assentamento Pontal do Faia.
Em relação ao MST, observa Almeida que “O processo de
territorialização do MST acaba por diferenciá-lo de outros movimentos
e organizações e se revela basicamente nas seguintes formas de luta:
Ocupação, despejo e acampamento” (p. 148).
Costa (1993) estudando o assentamento de Indaiá, realiza uma
reflexão quanto a questão social e o MST no estado nos anos 80,
contribuindo para entender o processo de lutas e representação da
terra para este Movimento e organização da sociedade:
O movimento dos sem terra em Mato Grosso do Sul é
percebido, neste trabalho, como um espaço onde se
desenvolvem as experiências sociais dos seus integrantes.
Neste espaço social, os trabalhadores rurais
compartilham, de forma comunitária, suas experiências
e alguns princípios, que conferem legitimamente
as suas práticas de ocupação e acampamento,
consideradas como ilegais pela sociedade civil.
Não obstante, não postulo que haja consenso, uma
ação uniforme de todos seus integrantes, mas uma
visão sobre o movimento, que é comum a todos aqueles
homens. (p. 44).
A trajetória de lutas no estado e especificamente no município
de Três Lagoas, possui em seu cerne um número diversificado de
motivações que levaram seus integrantes a buscar na questão agrária
as condições para tentar encontrar um espaço para viver. Dentre as
mais de 40 ocorrências de lutas no município neste período, encontram-se
presentes, por exemplo, a luta de oleiros e pescadores atingidos
pela construção de barragens e que encontraram junto aos sujeitos
que lutavam por terra uma chance de uma nova vida.
Nos anos 80 o município enfrentou graves inundações que ocasionaram
a desocupação de inúmeras áreas, tendo que as famílias
que viviam nos locais buscarem novos lares, o que fez com que ingressassem
na luta pela reforma agrária, e sendo partes delas assentadas
em vários locais do estado (REGINA, KUDLAVICZ, JESUS, 2000). Os
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