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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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Parece-me provável que realmente os índios americanos tivessem<br />

algum mito <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> alguma forma similar às citadas pelos<br />

autores, pois nos relatos <strong>de</strong> Nóbrega po<strong>de</strong>-se perceber que os índios é<br />

que lhe indicavam os locais <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> tais pegadas sendo que<br />

ele afirma ter visto com seus próprios olhos uma <strong>de</strong>las.<br />

O fato interessante nisso é perceber como os europeus se apropriaram<br />

<strong>de</strong> um elemento mitológico da cultura nativa e o resignificaram<br />

ao cristianismo, <strong>de</strong> modo que conseguiram favorecer-se com esse processo.<br />

É preciso <strong>de</strong>stacar que não foram os jesuítas os responsáveis<br />

por esse processo <strong>de</strong> recriação ou resignificação, pois como vimos<br />

ele ocorreu anteriormente à chagada dos jesuítas ao Brasil (1549), <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> o mito parece ter se alastrado pela América, e mesmo anteriormente<br />

à fundação da Companhia <strong>de</strong> Jesus que ocorreu em 1534,<br />

enquanto a referencia mais antiga 5 <strong>de</strong> São Tomé na América data <strong>de</strong><br />

1515. Embora não figurem como os primeiros resignificadores, os jesuítas<br />

foram sem dúvida os maiores favorecidos.<br />

Sergio Buarque <strong>de</strong> Holanda afirma:<br />

[...] parece fora <strong>de</strong> discussão a missionários que i<strong>de</strong>ntificaram<br />

o Sumé brasílico e o Pay Tumé peruano ao<br />

discípulo <strong>de</strong> Jesus: na ajuda que teria ele prestado à<br />

obra da conversão do gentio. O próprio Nóbrega já<br />

escrevera que, segundo tradição dos índios, anunciará-lhes<br />

São Tomé , ao partir para a índia, que ‘havia<br />

<strong>de</strong> tornar a vê-los’. Por sua vez os missionários jesuítas<br />

do Paraguai não hesitaram em interpretar essa<br />

promessa como anúncio <strong>de</strong> seu próprio apostolado.<br />

Aos padres. Mazeta e Cataldino chegara mesmo, certo<br />

cacique do Paranapanema, a dizer <strong>de</strong> Pay Zomé<br />

que falara aos antepassados do dia em que toda<br />

aquela gentileza se haveria <strong>de</strong> estabelecer em povoados,<br />

por obra <strong>de</strong> certos homens que levariam a cruz<br />

diante <strong>de</strong> si, o que afinal se realizou com as fundações<br />

<strong>de</strong> Santo Inácio e Loreto [...] (HOLANDA, 1996,<br />

p.125).<br />

Holanda extraiu essas informações em sua maioria da obra do<br />

Pe. Antonio Ruiz <strong>de</strong> Montoya SJ (1985), sendo que o sentido lá dado é<br />

o <strong>de</strong> exaltação da missão jesuítica. Um gran<strong>de</strong> favorecimento que os<br />

jesuítas alcançaram com essa recriação foi entre outros motivacional<br />

(CAVALCANTE, 2006 b). O principal intento da obra <strong>de</strong> Montoya era<br />

sensibilizar a coroa espanhola sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> liberação <strong>de</strong><br />

armas <strong>de</strong> fogo para que os índios pu<strong>de</strong>ssem se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r dos ban<strong>de</strong>irantes<br />

paulistas.<br />

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