Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>de</strong>correm da necessida<strong>de</strong> da constituição <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, que são<br />
influenciadas pela diversida<strong>de</strong> das populações:<br />
Mobilida<strong>de</strong>, dispersão, instabilida<strong>de</strong> enfim, são características<br />
da população nas colônias, que vão <strong>de</strong>marcando<br />
o quadro do qual se engajaram os laços<br />
primários e se foi <strong>de</strong>senrolando a vida do dia-a-dia.<br />
Para compormos ainda mais explicitamente esse<br />
quadro é preciso agarrar-lhe outra característica, que,<br />
aliás, vai na mesma direção: refiro-me à necessária<br />
diversida<strong>de</strong> das populações na Colônia (...) A percepção<br />
<strong>de</strong> tal metamorfose, ou melhor, essa tomada <strong>de</strong><br />
consciência -, isto é, os colonos <strong>de</strong>scobrindo-se como<br />
“paulistas”, “pernambucanos”, “mineiros” etc., para<br />
afinal i<strong>de</strong>ntificarem-se como “brasileiros” (NOVAIS,<br />
1997, p. 22-3).<br />
A partir da análise <strong>de</strong> Souza po<strong>de</strong>mos associar ao estímulo do<br />
movimento das ban<strong>de</strong>iras e a <strong>de</strong>scoberta do ouro, o êxodo <strong>de</strong>senfreado<br />
<strong>de</strong> contingentes populacionais para a colônia e o fracasso do açúcar<br />
da capitania <strong>de</strong> São Vicente, que proporcionaria aos sertanistas o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> procurar alternativas novas, conduzindo-os sertão a<strong>de</strong>ntro<br />
em busca <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> sobrevivência, o que resultaria, mais<br />
tar<strong>de</strong>, na <strong>de</strong>scoberta das minas <strong>de</strong> ouro. “Durante os 60 primeiros anos<br />
do século XVIII, a corrida do ouro provocou na Metrópole a saída <strong>de</strong><br />
aproximadamente 600 mil indivíduos, em média anual <strong>de</strong> 8 a 10 mil<br />
indivíduos” (SOUZA, 2004, p. 42).<br />
A se<strong>de</strong> incansável do ouro estimulou a tantos a <strong>de</strong>ixarem<br />
suas terras, e a meterem-se por caminhos tão<br />
ásperos, como são os das minas, que dificultosamente<br />
se po<strong>de</strong>rá dar conta do número <strong>de</strong> pessoas<br />
que atualmente estão lá. Contudo os que assistiram<br />
nelas nestes últimos anos por largo tempo, e as correram<br />
tôdas, dizem, que mais <strong>de</strong> trinta mil almas se<br />
ocupam, umas em catar, outras em mandar catar nos<br />
ribeiros <strong>de</strong> ouro; e outras em negociar, ven<strong>de</strong>ndo, e<br />
comprando o que se há mister não só para a vida,<br />
mas para o regalo, mais que nos portos do mar [...]<br />
Cada ano vêm nas frotas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> portuguêses,<br />
e <strong>de</strong> estrangeiros, para passarem às minas.<br />
Das cida<strong>de</strong>s, vilas, recôncavos, e sertões do<br />
Brasil vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios<br />
<strong>de</strong> que os paulistas se servem. A mistura é <strong>de</strong> tôda a<br />
condição <strong>de</strong> pessoa: homens, e mulheres, môças e<br />
velhos; pobres e ricos: nobres e plebeus, seculares,<br />
clérigos, e religiosos <strong>de</strong> diversos institutos, muitos<br />
219