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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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esses diretores eram nomeados pelo governo e, portanto, <strong>de</strong>sfrutavam<br />

<strong>de</strong> certos po<strong>de</strong>res, ainda que longe dos centros <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões políticas.<br />

O diretor, antes <strong>de</strong> qualquer coisa, era o responsável pela or<strong>de</strong>m e<br />

disciplina militares que <strong>de</strong>veriam existir nos seus domínios: as vilas<br />

(Silva, 1972, p. 78-81).<br />

É certo que para se estabelecer na vila era preciso, em dois<br />

extremos, ou ser funcionário do Estado ou colono, isto é, um pequeno<br />

agricultor que quisesse ter um lote <strong>de</strong> terra no longínquo sertão. Seja<br />

como fosse, a jurisdição militar e a correção lhes recairiam penosamente<br />

ou os recompensaria <strong>de</strong> algum jeito conforme a vida material<br />

lhes proporcionasse algum benefício.<br />

O comerciante José Garcia, <strong>de</strong> Sant’Anna do Paranahyba, no<br />

então Mato Grosso convence os sertanejos dos arredores daquela vila<br />

a trocar “a vida ociosa e miserável” que levam pelas vantagens do trabalho<br />

na colônia do Itapura. Porém, seus diretores, alguns mais ávidos,<br />

como Antonio Mariano <strong>de</strong> Azevedo, serão ásperos na escolha dos<br />

camaradas e agregados. Este ilustre diretor, maníaco da disciplina,<br />

refere-se sobre essa gente sertaneja como <strong>de</strong> “[...] uma alta<br />

suceptibilida<strong>de</strong>; uma revoltante indolencia, e um espírito <strong>de</strong> rapinagem<br />

e trapassaria que parecem ter sugado com o leite materno” (Silva,<br />

1972, p. 94).<br />

Embora Azevedo fosse meticuloso, sua preocupação com a or<strong>de</strong>m<br />

e a disciplina militar no Itapura abrangia muito mais além das<br />

fronteiras da pequena vila. O auxílio prestado por esses sertanejos,<br />

ora camaradas e agregados, como carapinas, lavradores, obreiros ou<br />

carreiros eram recompensados por alimentos e roupas, isentando-os<br />

<strong>de</strong> compromisso com o Estado, mesmo que se negassem a assinar<br />

até mesmo um brevíssimo contrato. Temeroso, mas rigoroso em fazerse<br />

manter a correção; e aplicando, ou melhor, cumprindo a jurisdição,<br />

Azevedo escreve em “Relatório” ao presi<strong>de</strong>nte da Província <strong>de</strong> São<br />

Paulo Antônio José Henriques acerca <strong>de</strong> tais “elementos” consi<strong>de</strong>rados<br />

[...] o flagello mais <strong>de</strong>vastador da moralida<strong>de</strong> e civilização<br />

<strong>de</strong>sta parte do Império. [...] não tem sido<br />

attrahidos à colonia senão pela diaria pecuinaria que<br />

o Regulamento conce<strong>de</strong> aos que querem ser colonos.<br />

Consigo não importão senão o latrocínio e<br />

atrapaçaria [...] e a<strong>de</strong>gradação a mais tôrpe. (Silva,<br />

1972, p. 95)<br />

Segundo Silva, a sua direção no Itapura durou até 1866,<br />

entremeada por uma interrupção (1860-1862). Azevedo tenta se <strong>de</strong>fen-<br />

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