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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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208<br />

A CULTURA<br />

COMO MODO DE RESISTÊNCIA<br />

De acordo com Moura (1992), o surgimento da religião afro-brasileira<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como um modo <strong>de</strong> resistência, um modo <strong>de</strong><br />

resistir contra o <strong>de</strong>sfacelamento <strong>de</strong> sua cultura que lhe era legada.<br />

De acordo com Moura:<br />

(...) os grupos negros que se organizaram como específicos,<br />

na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

que a substituiu, também aproveitaram os valores<br />

cultuais afro-brasileiros como instrumento <strong>de</strong> resistência.<br />

(MOURA, 1992, p.38)<br />

O negro procurou inicialmente se reencontrar étnica e culturalmente,<br />

mas, ao mesmo tempo, por estar engastado em uma socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> classes opressora usou suas unida<strong>de</strong>s religiosas para se preservar<br />

e se recompor socialmente. A Igreja católica sempre esteve presente<br />

nos projetos metropolitanos para a colônia. O advento do Império<br />

não mudaria essa realida<strong>de</strong>, e, em 1824, a constituição apresenta a<br />

Igreja católica como religião oficial do país.<br />

Para obter espaço o negro precisaria se organizar. E foi na religião,<br />

principalmente, que conseguiu vislumbrar o que procurava. Nesse<br />

sentido, nos <strong>de</strong>screve Moura:<br />

O negro brasileiro foi sempre um gran<strong>de</strong> organizador.<br />

Durante o período do qual perdurou o regime<br />

escravista, e, posteriormente, quando se iniciou após<br />

a abolição o seu processo <strong>de</strong> marginalização, ele se<br />

manteve organizado, com organizações intermitentes,<br />

frágeis e um tanto <strong>de</strong>sarticuladas, mas sempre<br />

constantes.(MOURA, 1983:47)<br />

Essa forma “organizacional” do negro tinha função social <strong>de</strong> resistência,<br />

porém, segundo Moura (1983), não perdurou muito tempo<br />

na “metrópole do café”. A macumba paulista ao pouco se <strong>de</strong>sagregou,<br />

per<strong>de</strong>u seu sentido <strong>de</strong> organização coletiva e passou a ser exercida<br />

individualmente.<br />

De acordo com Basti<strong>de</strong> (1971), esse <strong>de</strong>saparecimento dos centros<br />

<strong>de</strong> macumba em São Paulo <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong>vido às perseguições policiais.<br />

Mas ressalta que, a macumba não <strong>de</strong>sapareceu por completo, e<br />

sim, passou da forma coletiva para a individual, ao mesmo tempo em<br />

que se transformava <strong>de</strong> religião para magia. “O macumbeiro, isolado,<br />

sinistro, temido como um formidável feiticeiro substitui, hoje, a macumba<br />

organizada”.(Basti<strong>de</strong>, 1971).

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