Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

Já nas primeiras décadas do século XIX, conforme Costa (1982),
a economia de São Paulo começa a ser traçada com a introdução da
cultura cafeeira, primeiramente no Vale do Paraíba. Neste período,
contou-se com a mão-de-obra escrava, proveniente de áreas onde a
economia entrava em decadência.
Devido o desgaste do solo, a região vale-paraibana sofreu muito
cedo com a queda de sua produtividade, o que fez a lavoura se expandir
cada vez mais para o Oeste paulista. Esta fase coincide com o
aumento da demanda do produto pela Europa e Estados Unidos, sobretudo
na segunda metade do século XIX. Nas palavras de Souza: “A
partir de 1850, o rusch migratório para o Oeste paulista assumiu grandes
proporções. As terras ‘roxas’, mais férteis que as demais, eram o
grande atrativo” (1980, p.51).
Segundo Milliet (1982), o avanço do café para o Oeste se desenvolve
em constante progresso, cada vez englobado mais áreas.
Mais foi apenas por volta de 1920 que ele atingiu a região Noroeste, e
em apenas quinze anos, enfatiza o autor, ocorre um grande aumento
da população, intensificação do trabalho na lavoura e o surgimento de
novos municípios. Assim, cada vez mais a cultura cafeeira vai adentrando
os sertões do Oeste, as terras virgens, e em meados de 1935 alcança
o extremo Oeste. Também neste período ele transpõe a fronteira do
Paraná abrindo a rota para o Mato Grosso.
A passagem do café pelo Estado de São Paulo, sem dúvidas
desencadeou transformações de grandes dimensões para a região,
deixando marcas intensas. Nas palavras de Milliet:
Durante pouco mais de um século, o panorama do
nosso crescimento e do nosso progresso se desdobra
num cenário de colinas riscadas por cafezais.
Tudo gira em torno do ‘ouro verde’, dele tudo emana
e a ele tudo se destina: homens, animais, máquinas.
(1982, p. 11)
Para sustentar o surto da lavoura cafeeira, e a grande dimensão
que tomou, fez-se necessário uma enorme demanda de mão-de-obra.
Costa (1982) aponta que, a partir de 1850, com a pressão exercida
pela Inglaterra para o fim do tráfico negreiro, foi preciso encontrar outra
alternativa para suprir a falta de braços para a lavoura. A partir de então,
a solução encontrada para essa carência foi a imigração estrangeira.
Elias (2005) observa que, cafeicultores e o governo se articularam
afim de promover a imigração subvencionada, situação em que as
99