Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

O espiritismo representava uma ameaça para a Igreja. Com o
inicio da Republica, sem o aparato oficial, a Igreja teria de lutar contra
as manifestações que buscavam dividir o seu rebanho espiritual. E
para tal, contava com o apoio da policia e de seus seguidores mais
devotos.
Tanto a policia quanto à imprensa atacavam-na acirradamente,
pregando a violência física contra o culto afro e seus praticantes, considerados
“contra as leis de Deus”, e, utilizavam-se da imprensa para
formar uma opinião publica negativa sobre tais cultos, lançando sobre
eles a representatividade de “barbárie” da nação brasileira. A esse respeito,
Arthur Ramos nos diz o seguinte:
(...) a mesma orientação no modo de tratar o assunto
[das praticas religiosas e crenças de origem africana]
pregando e propagando a crença de que o saber
do soldado de policia boçal e a estúpida violência de
comissários policiais igualmente ignorantes hão de
ter maior dose de virtude catequista, mais eficácia
como instrumento de conversão religiosa do que teve
o azorrague dos feitores. (RAMOS, 1942:16-7)
Para Nina Rodrigues seriam necessárias outras atitudes para
acabar com as práticas e crenças da religião afro-brasileira.
Curioso esse tom de ingênua sinceridade e convicção
profunda com que a imprensa, o publico esclarecido
e a policia acreditam possível sufocar as crenças
religiosas de uma raça com a mesma facilidade
com que se dispersa um ajuntamento fortuito de curiosos.
(RODRIGUES, 1988:245-6)
Mesmo com toda a repressão sofrida pelos praticantes da religião
afro-brasileira, os grupos tenderam ao crescimento, o que será
enfatizado no item a seguir.
DA MACUMBA À UMBANDA
Alguns estudiosos, como é o caso de Clovis Moura (1992), afirmam
que a Umbanda surge à partir do declínio da Macumba, ou seja,
com a desagregação da Macumba, a Umbanda absorveu grande parte
do contingente negro que dela se afastara.
Sobre isso, Roger Bastide afirma que:
O espírito de Umbanda não somente retém os elementos
essenciais da Macumba ou do Candomblé,
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