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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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entre as condições objetivas e subjetivas a nortear o modo <strong>de</strong> vida e a<br />

interpretação <strong>de</strong> mundo dos camponeses, mas a sua inter-relação.<br />

146<br />

CONTRIBUIÇÕES DA<br />

HISTÓRIA SOCIAL DO TRABALHO<br />

Somando-se à teoria das representações sociais, com o olhar<br />

para o <strong>de</strong>senho da terra como âncora das práticas <strong>de</strong> luta para conquistála<br />

e nela enraizar-se, foi possível a apreensão das experiências dos<br />

camponeses também no campo da história social do trabalho, e nela,<br />

na historiografia inglesa, principalmente a partir <strong>de</strong> E. P. Thompson.<br />

Eu po<strong>de</strong>ria dizer que o trabalho <strong>de</strong> doutorado se fundamentou<br />

tanto no campo das representações sociais evi<strong>de</strong>nciadas nas práticas<br />

políticas e culturais vividas pelos assentados e pela organização do<br />

MST no Pontal quanto na história social britânica. A cultura perpassou<br />

esta discussão, mas não foi o elemento único a explicitá-la. Neste<br />

sentido, práticas e representações que envolveram o universo da política,<br />

do meio social, cultural, religioso, explicitaram o teor das ações,<br />

práticas e representações apreendidas.<br />

Inspirei-me em E. P. Thompson, particularmente no modo como<br />

referenda a construção dos agentes sociais a partir da “experiência” e<br />

da “economia moral” em meio à constituição da classe, do seu fazerse.<br />

Ao salientar que as classes não existem como entida<strong>de</strong>s separadas,<br />

já que as pessoas se encontram numa <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong><br />

estruturada em modos <strong>de</strong>terminados, sofrendo a exploração, i<strong>de</strong>ntificando<br />

pontos <strong>de</strong> interesses e lutando a partir das necessida<strong>de</strong>s que o<br />

meio lhes imprime, Thompson compreen<strong>de</strong>u que não há uma consciência<br />

<strong>de</strong> classe anterior à própria classe, já que ela se constrói no<br />

processo <strong>de</strong> lutas, e essa é a sua última <strong>de</strong>finição: “Ninguna formación<br />

<strong>de</strong> clase propiamente dicha <strong>de</strong> la historia es más verda<strong>de</strong>ra o más real<br />

que otra, y clase se <strong>de</strong>fine a sí misma en su efectivo acontecer”. (1989,<br />

p.39)<br />

A consciência, como sugeriu E. P Thompson, <strong>de</strong>senha-se no<br />

“fazer-se” movimento, na experiência vivida por homens e mulheres em<br />

meio à opressão. Nesse “fazer-se” das práticas e representações do<br />

MST no Pontal foi possível encontrar militantes, dirigentes, acampados,<br />

assentados “experenciando” ações <strong>de</strong> luta. Diferentemente do<br />

que sugerem alguns manuais, não se tratava <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> consciência,<br />

mas <strong>de</strong> posições que foram se <strong>de</strong>lineando e sendo <strong>de</strong>terminadas no<br />

processo <strong>de</strong> lutas, na interação entre o novo e o velho, entre a cultura<br />

e a política, a economia, a religiosida<strong>de</strong>,

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