Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

ser diferente, porque vivemos à sombra dos países chamados de primeiro
mundo e carregamos conosco tais influências e dependências.
Os Americanos exterminaram seus índios e não demonstram o menor
rancor até hoje; e, caso não seja feito algo rápido pela política, nossos
índios terão o mesmo destino principalmente pelos fatores econômicos,
sociais e políticos. Conforme a modernidade avança, o índio perde
seu espaço de sobrevivência e com isso apaga-se sua herança
cultural em todos os sentidos. Quase todos os dias, assistimos e
lemos em cadeia nacional e internacional que mais uma tribo indígena
foi, no mínimo, desalojada de seu lugar de origem, a convite da cultura
branca e por conta de sua tecnologia avançada.
Podemos ver no trecho da reportagem publicada na revista
Metrópole em 2004, de André Assis, o estrago e a mudança que a
modernidade e o contato com o homem branco causam à vida indígena:
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Em meio a todo esse conflito por terras que envolve
índios, fazendeiros e governo, surge uma parcela
da população indígena desamparada até mesmo
pelas entidades que foram criadas para atender a
suas necessidades. Esse contingente é formado
pelos que abandonaram suas aldeias e ancestrais,
em busca de uma vida melhor nas cidades /.../ Para
esses índios migrantes, o enfrentamento e a
competitividade com a sociedade branca levam a
uma adaptação aos valores e ao sistema cultural
diferenciados, recriando seu modo de vida. /.../ A proximidade
com as cidades faz com que os hábitos
dos brancos afetem as comunidades. ‘Estamos próximos
à cidade, fica difícil conter o alcoolismo e as
drogas. Com os jovens, é mais complicado’, ressaltou
Vicente Leopoldo Vicente, cacique que deixou a
aldeia natal, em Nioaque, MS, em [1977]. 4
Passados trinta anos, o problema só se agravou ainda mais. O
que acontece na vida real às vezes é muito bem espelhado na ficção,
como mostra Clarice Lispector, no conto A menor mulher do mundo 5 ,
ao tratar de danos que os avanços e aproximações do homem branco
causam aos povos marginalizados. Nesse conto, que relata a descoberta
de uma civilização, lê-se: “No Congo Central descobriu realmente
os menores pigmeus do mundo. E — como uma caixa dentro de
uma caixa, dentro de uma caixa — entre os menores pigmeus do mundo
estava o menor dos menores pigmeus do mundo,...” 6 . O conto, aqui
citado, trata de um explorador francês Marcel Petre que, nas “profundezas
da África Equatorial” descobre uma tribo africana de um povo mi-