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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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ções sociais legítimas para se viver. Mudam-se os espaços físicos<br />

ocupados por estes sujeitos, mas permanece a busca centrada nas<br />

necessida<strong>de</strong>s familiares.<br />

Em vista do trabalho realizado no Assentamento Pontal do Faia,<br />

percebemos que os assentados dimensionam a terra como símbolo<br />

<strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, ou seja, o trabalhar com a terra em suas representações<br />

sócio-culturais. Para cada grupo social a terra possui um valor.<br />

E na busca <strong>de</strong> um espaço para viver e trabalhar, na sua terra <strong>de</strong> trabalho,<br />

estes assentados fazem da terra sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, sua raiz trabalhadora,<br />

a sua representação própria, sua vida (GANCHO et. Alii, 1994).<br />

Referente a esta “raiz trabalhadora”, Weil (Apud BOSI, 1987)<br />

elucida que os trabalhadores buscam em suas trajetórias passadas<br />

suas raízes culturais, envoltas no trato com a terra. Assim conservam<br />

vivos na coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste trabalho certos tesouros do passado e certo<br />

pressentimento do futuro. Ou seja, a autora ressalta que os valores<br />

antigos ou novos, adquiridos no processo <strong>de</strong> lutas, possuem todo um<br />

enraizamento em seu passado.<br />

Para Chauí (1993) neste processo <strong>de</strong> migração, em que nos<br />

referimos a trajetória que os trabalhadores vivenciam, ocorre um ganho<br />

cultural, uma mescla <strong>de</strong> representações, no sentido <strong>de</strong> novos conhecimentos,<br />

novas habilida<strong>de</strong>s e novos símbolos que acrescentariam aos<br />

já possuídos.<br />

Esta autora elucida também a existência da perda, já que,<br />

estes novos valores acabam sendo constituídos a partir <strong>de</strong> mesclas<br />

entre valores já possuídos e aqueles adquiridos e transformados no<br />

processo <strong>de</strong> lutas, em vista também das necessida<strong>de</strong>s que tem que<br />

enfrentar no novo lar. A dimensão da cultura popular como prática local,<br />

como mescla entre “conformismo e resistência” é enfatizada nesta<br />

abordagem.<br />

Quando tratamos <strong>de</strong> realizar uma discussão sobre os trabalhadores<br />

rurais, estamos indagando sobre o direito a terra, não somente<br />

ao da proprieda<strong>de</strong>, mas também a toda infra-estrutura que se faz necessária<br />

para que se tenha dignida<strong>de</strong>, conseguida pelo acesso às condições<br />

<strong>de</strong> trabalho, educação, saú<strong>de</strong> e moradia para toda a família, o<br />

que não ocorre em muitos projetos para a implantação <strong>de</strong> assentamentos<br />

rurais. E em casos mais recentes, como o Pontal do Faia a<br />

situação também não é diferente (OLIVEIRA, 2002).<br />

A situação do estado nos anos <strong>de</strong> 1980- 1990 também po<strong>de</strong> ser<br />

compreendida a partir <strong>de</strong> uma carta enviada ao governador do estado<br />

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