Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de TrÃªs Lagoas

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Aranha, mestre do grupo Memória e morador do município de Ilha Solteira, assume que a mulher tem que lutar por seu espaço dentro da capoeira. Como exemplo ele cita a roda feminina em um dos eventos de seu grupo: “é legal esse tipo de iniciativa das mulheres, que tá fazendo agora, só das mulheres. Porque acaba o homem não dando muito espaço”. A entrada da mulher na capoeira é relativamente nova, pois quando esta prática teve início só homens jogavam. Não encontramos nenhuma bibliografia específica sobre a mulher na capoeira, mas há referência da ausência da participação feminina em seu interior. Nas fontes orais foram relatados dois casos de participação das mulheres na história mais remota da capoeira. O primeiro é relatado pelo mestre Aranha: A gente nota na história que existiam mulheres que praticavam capoeira, até fala-se da ‘Maria dez homens’, diz que ela bateu em dez homens, por isso que ela tinha o apelido ‘Maria dez homens’. E aí algumas pessoas fazem brincadeira, fala que os homens tavam tudo bêbado, por isso que ela bateu (risos). O outro é contado por Fernanda, aluna, onde ela diz que uma familiar de Mestre Bimba queria praticar capoeira; como os homens de sua academia não concordavam com a idéia, ele passou a treiná-la nos horários em que a academia estava fechada. Sobre a participação feminina Santos afirma que: Inicialmente tal defesa pessoal era praticada, sobretudo pelos homens e funcionava exclusivamente como uma atividade de ataque e defesa. As mulheres e as crianças teriam unicamente um papel de apoio, eram expectadores, animadores nos seus rituais. Somente a partir das últimas décadas, sua participação como capoeiristas adquiriu projeções cada vez maiores. (2002, p.138) Face a questão da inserção da mulher na capoeira, esperamos que as palavras de mestre Aranha sejam sempre lembradas: “A capoeira foi muito discriminada; foi uma margem da sociedade. Então não cabe na capoeira nenhum tipo de discriminação, principalmente contra a mulher”. Então podemos analisar que, de uma forma geral entre os grupos, aos poucos a mulher vêm galgando espaços dentro do universo da capoeira, apesar de haver diferenças a serem vencidas. 236
NOTAS 1 Acadêmica do 4º ano do curso de História, UFMS/CPTL. isabelcamargo@ibes.com.br 2 Ver http://www.capoeiramestrebimba.com.br (site acessado em06/10/ 2004) 3 Ver http://www.cpdoc.fgv.br (site acessado em 06/10/2004) 4 Entrevista realizada com José Augusto Dias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIB, P. R. J. Capoeira Angola: cultura popular e o jogo de saberes na roda. Campinas/ SP: Unicamp/CMU e Salvador: EDUFBA, 2005. BERCITO, S.de D.R. Nos tempos de Getúlio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. São Paulo: Atual, 1990. FEIJÓ, M. C. O que é política cultural. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 10º ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. OLIVEN, R.G. Violência e Cultura no Brasil. 2° ed. Petrópolis/RJ: V ozes, 1983. PIRES, A. L. C. S. Bimba, Pastinha e Besouro de Mangangá: três personagens sa capoeira baiana. 2º ed. Tocantins/ Goiânia: NEAB/ GRAFSET, 2002. SANTOS, L. Capoeira: uma expressão antropológica da cultura brasileira. Maringá: Programa de Pós-Graduação em Geografia. UEM, 2002. 237
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