Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

novo espaço em que brotou uma nova área de estudo e prática 4 . Segundo
esse autor, esse foi o momento da “re-fundação” dos Estudos
Culturais 5 .
Ao optar pela ruptura do pensamento historiográfico vigente, esse
grupo de intelectuais tornou viável o pensamento de que a “cultura” ou
as “culturas” apreendidas de uma forma mais ampla permitiriam a compreensão
dessas transformações.
Por meio dessa proximidade com os Estudos Culturais, proporcionada
pelas discussões e leituras dos textos propostos pelas disciplinas,
e revendo o nosso projeto de pesquisa original, foi possível identificar
que nossas questões iniciais iam ao encontro das abordagens
teóricas de alguns desses autores. Percebemos, então, o enriquecimento
que essas discussões trouxeram para as nossas fundamentações,
ao acrescentar novos referenciais teóricos e metodológicos para
a pesquisa.
Pensar nestas questões nos levou a perceber que para o objeto
de estudo “Camisa de Couro: bandido ou mocinho no imaginário da
população de Três Lagoas?” ser assimilado pela ótica dos Estudos
Culturais, primeiramente, será preciso lançar um “olhar político” sobre
todo o contexto que envolve o personagem, seu campo de atuação e
os sujeitos envolvidos nessa dinâmica.
Olhar politicamente será refletir sobre os significados que os
episódios vividos por “Camisa de Couro” têm para a criação de um
imaginário popular de mitos e lendas em torno de figuras de homens
considerados fora-da-lei, entre as décadas de 1950 e 1960, na cidade
de Três Lagoas e por intermédio deles tentar compreender quais as
relações de poder que envolvem a criação desse imaginário.
Nesse sentido, Beatriz Sarlo nos propõe que lancemos sobre
nosso objeto de estudo um “olhar político que atente ao menos visível,
ao menos audível, em discursos e práticas que escapam pelas fissuras”
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e, ao mesmo tempo, detectemos as “diferenças e as disputas em
torno dos processos de privação e de desigualdade que a cultura popular
responde com estratégias alternativas” 7 como, por exemplo, a
criação do imaginário.
Então, precisamos direcionar nosso “olhar sobre o presente, e
do presente sobre o passado” 8 para tentar compreender onde essa
disputa se desenvolve e quais os sujeitos que a forjam. Que “Camisa
de Couro” é um personagem imerso em contradições já conseguimos
localizar, no entanto, compreender essa contraditoriedade é que faz
parte de nossos questionamentos.
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