Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

No trecho acima fica evidente que o discurso pentecostal em suas
missões, tem o foco principal em torno da moralidade como o objetivo
de restabelecer a socialidade. Outra disposição presente nesse movimento
é a busca por uma postura reacionária e autoritária que reflete na
vida cotidiana. Vê-se, pois, que os líderes dessas aglomerações eclesiásticas
em sua maioria adotam uma postura inflexível no tocante à vida
cotidiana de seu eclesiano, onde é fundamental a obediência aos preceitos
expostos dominicalmente nos púlpitos dessas igrejas.
Pode-se perceber então que os conteúdos das homilias não
buscam discussões politizadas que visem análises das disparidades
sociais, todavia, um constante discurso de manutenção e dominação.
Segundo Wright, isso acontece porque os pastores:
[...] destacam a reforma radical do cotidiano e da convivência
que acompanha a conversão, afastados dos
bastidores políticos públicos e midiatizados, como
estratégia para os favelados defrontarem-se com a
pobreza, superarem o alcoolismo e o vício de drogas,
apartando-se de comportamentos anti-sociais, fortalecendo
os laços familiares; e reforma das relações
de gêneros, fortalecendo a autoconsciência e, não
em último lugar, a identidade, para defrontar-se com
o racismo cotidiano. (2004, p.14)
De uma maneira geral o que se observa, com raras exceções, é
que essas alocuções são pautadas por sistemas morais que propõem
novas virtudes, em que os direitos não são discutidos. Em relação à
sociedade indígena esses conteúdos das missões pentecostais também
estão presentes, o que em muitos momentos é inadequado, isso
porque diminui a busca por melhores condições tanto no caso dos
índios com os não índios.
Um outro ponto inerente às missões pentecostais é a tentativa
de estabelecer membros cada vez mais fieis, isso porque “por mais
que o movimento pentecostal possa ser bem sucedido e eficaz em
catarse espontânea” (WHIGHT, 2004, p.15), em muitos momentos
acontece o trânsito religioso 3 no qual a busca se centraliza em desejos
passageiros.
Tendo isso como uma constância os líderes agem cada vez
mais orientados pelo mercado na busca de atrair as pessoas, a partir
de práticas sincréticas e assistencialistas. Isto porque, “entre o campo
cotidiano e tempo festivo está no centro da problemática da fidelidade
religiosa e da manutenção da nova moral no interior dessas religiões
de resultados”. (CAMPOS, 2000, p. 15)
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