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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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perceber concretamente que o mero apossamento<br />

não lhe garantia o domínio, a manutenção na área<br />

ocupada. Assim, tinha ao menos duas alternativas:<br />

aceitava a condição <strong>de</strong> agregado do fazen<strong>de</strong>iro, assegurando<br />

o uso <strong>de</strong> uma parcela <strong>de</strong> terras, mas reconhecendo<br />

o fazen<strong>de</strong>iro como o senhor e possuidor<br />

da área ocupada; ou insistir em ser reconhecido como<br />

um posseiro, um possuído <strong>de</strong> boa fé, que diante do<br />

questionamento do seu direito á parcela ocupada,<br />

passou a lutar pela afirmação não somente <strong>de</strong> sua<br />

condição <strong>de</strong> posseiro que agira <strong>de</strong> boa fé, mas também<br />

pela salvaguarda <strong>de</strong> seu domínio, assegurando-o<br />

através do Direito, ou seja, legalizando a sua<br />

ocupação. (MOTTA, 1998, p. 104)<br />

A autora ainda afirma que o po<strong>de</strong>r dos gran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>iros no<br />

âmbito jurídico nem sempre era tão profundo que impedisse outros<br />

agentes sociais <strong>de</strong> lutar pela posse da terra. Nem sempre os fazen<strong>de</strong>iros<br />

estavam tranqüilos em relação à ação dos posseiros ou dos grileiros.<br />

Era necessário <strong>de</strong>marcar suas terras e ficar <strong>de</strong> sobressalto, pois sempre<br />

se corria o risco <strong>de</strong> confrontos, principalmente nas áreas limítrofes.<br />

Antônio Francisco Lopes e Manoel Pimenta anos <strong>de</strong>pois passaram<br />

a gleba para o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> João Ferreira da Rocha.<br />

Segundo Ennes (2000, p. 44), estes latifundiários seriam os responsáveis<br />

pela introdução dos agentes sociais <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />

“mateiros”. A eles <strong>de</strong>ve-se o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das matas<br />

locais e o surgimento <strong>de</strong> pastos para simples especulação financeira.<br />

Em entrevistas a <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>stes mateiros, po<strong>de</strong>m ser<br />

extraídos fatos e “causos” muito bonitos.<br />

Segundo um <strong>de</strong>les 4 , seu pai ao chegar no território que hoje<br />

compreen<strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pereira Barreto, já no fim do século XIX, juntamente<br />

com mais alguns poucos amigos, teve que a<strong>de</strong>ntrar na floresta<br />

para <strong>de</strong>smatá-la. Era um trabalho difícil on<strong>de</strong>, sem nenhum instrumento<br />

mais mo<strong>de</strong>rno, tinha-se que extrair da mata a sua própria alimentação.<br />

À noite “enfiavam-se” em suas casas, amedrontados pelo urro<br />

das onças que rondavam o local.<br />

Para se chegar ao povoamento mais perto, <strong>de</strong>moravam-se vários<br />

dias, por isso qualquer doença ou picada <strong>de</strong> animal peçonhento era<br />

“curada” com remédios extraídos na mata ou alguma oração “po<strong>de</strong>rosa<br />

ao santo <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção”.<br />

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