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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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empreendidas para eliminar qualquer vestígio <strong>de</strong> sua passagem por<br />

Três <strong>Lagoas</strong>? Assim, surgem essas e outras perguntas.<br />

Será que o fato da morte <strong>de</strong> “Camisa <strong>de</strong> Couro” (segundo dizem)<br />

ter sido encomendada pelo governo do Estado (na época, Mato Grosso)<br />

no período em que Três <strong>Lagoas</strong> participava da complexa construção<br />

da Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Jupiá, juntamente com outros estados<br />

(SP, PR, MG, GO), não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado uma ação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong><br />

domínio da situação? Sua morte não po<strong>de</strong> ter sido manipulada pelos<br />

dominadores, dando a enten<strong>de</strong>r que “Camisa <strong>de</strong> Couro” e seus serviços<br />

não eram mais bem-vindos? Será que a “lei do 44” 18 <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong><br />

vigorar? Ou, quem sabe, não foi um acerto <strong>de</strong> contas? Qual o motivo<br />

<strong>de</strong> se tentar apagar todas as provas oficiais <strong>de</strong> sua passagem por Três<br />

<strong>Lagoas</strong>?<br />

Não sabemos dizer. No entanto, estas indagações nos acompanham<br />

e nos <strong>de</strong>safiam a buscar elementos que nos aproximem <strong>de</strong><br />

respostas. Ou talvez, direcionem a novas indagações.<br />

Ao reconhecermos na memória um campo minado pelas lutas<br />

sociais, i<strong>de</strong>ntificamos a relação dinâmica e política que envolve a memória<br />

e a história. Em nosso exercício <strong>de</strong> pesquisadores das fontes e<br />

em nosso diálogo com a teoria, <strong>de</strong>vemos estar sempre atentos ao<br />

momento em que memória e história se cruzam e interagem nas problemáticas<br />

sociais as quais investigamos.<br />

Quando começamos a nos interessar por esta investigação,<br />

voltamos a procurar por registros oficiais para traçar um perfil do personagem,<br />

porém, o contato com as pessoas que trabalhavam nestes<br />

órgãos (Prefeitura, Cartórios, Câmara Municipal, Delegacias, Fórum,<br />

Jornais, Universida<strong>de</strong>, etc.) foi interessante, pois todos, sem exceção,<br />

ficavam muito curiosos com a busca. Aos poucos, se aproximavam e<br />

indagavam sobre a pesquisa e faziam questão <strong>de</strong> contar como o avô, o<br />

pai, o tio, o vizinho e, em alguns casos, eles próprios se lembravam do<br />

personagem e suas façanhas.<br />

Certas dificulda<strong>de</strong>s em localizar os registros oficiais nos levaram<br />

a manter um diálogo com essas pessoas. Por meio <strong>de</strong> suas informações,<br />

localizamos vários documentos, fotos, jornais e muitas histórias<br />

e estórias. A maioria <strong>de</strong>ssas fontes está guardada e muito bem<br />

guardada em mãos particulares.<br />

Essa proximida<strong>de</strong> nos remeteu a algumas questões: Como<br />

fazer essa pesquisa sem levar em conta a fala das pessoas? O que<br />

elas estão querendo mostrar? Como não perceber a presença e a<br />

importância da memória? Como refletir entre a relação memória e<br />

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