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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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as águas, ora as vomita à maneira <strong>de</strong> um homem que respira” (1990,<br />

p. 72; grifo do autor. Cf. Juzarte; Soares [org.], 1999, p. 60-63). Cabe<br />

aqui dizer que Holanda afirma em seus Caminhos e fronteiras que a<br />

técnica <strong>de</strong> transporte fluvial encontrou a fase <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

em São Paulo, sobretudo no século XVIII, com a <strong>de</strong>cadência das<br />

ban<strong>de</strong>iras. Diz ele que<br />

Embora muito antes disso o Tietê tivesse servido eventualmente<br />

<strong>de</strong> via <strong>de</strong> penetração, a verda<strong>de</strong> é que seu<br />

percurso só se generalizou e se enriqueceu <strong>de</strong> novos<br />

instrumentos quando foi necessário um sistema<br />

<strong>de</strong> comunicações regulares com o centro do continente.<br />

[...] (1994, p. 137).<br />

Esta afirmação <strong>de</strong> Holanda é orientada pela vida, isto é, a vida<br />

cotidiana <strong>de</strong> mareantes e pilotos práticos fluviais, a gente, <strong>de</strong> acordo<br />

com ele, sertanista, experimentadas por séculos, o XVII, com as ban<strong>de</strong>iras,<br />

o XVIII, com as monções, e, enfim, no XIX o <strong>de</strong> uma diluição<br />

pela “mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”, o advento da máquina, o vapor.<br />

A própria exigüida<strong>de</strong> das canoas das monções “já era um modo<br />

<strong>de</strong> se organizar um tumulto, <strong>de</strong> se estimular a boa harmonia ou, ao<br />

menos, a momentânea conformida<strong>de</strong> das aspirações em choque”, assim<br />

diz Holanda. E acrescenta-se a isso<br />

A ausência dos espaços ilimitados, que convidam ao<br />

movimento, o espetáculo incessante das florestas<br />

ciliares, que interceptam à vista o horizonte, a abdicação<br />

necessária das vonta<strong>de</strong>s particulares on<strong>de</strong> a vida<br />

<strong>de</strong> todos está nas mãos <strong>de</strong> poucos ou <strong>de</strong> um só, tudo<br />

isso terá <strong>de</strong> influir po<strong>de</strong>rosamente sobre os aventureiros<br />

que <strong>de</strong>mandam o sertão longínquo.<br />

Embora não isenta <strong>de</strong> riscos, a navegação no Paraná – o Rio<br />

Gran<strong>de</strong> dos velhos sertanistas – era incomparavelmente mais suave<br />

<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> cachoeiras, em todo o longo trecho que vai do Salto<br />

<strong>de</strong> Urubupungá, acima da barra do Tietê até às Sete Quedas. Daí em<br />

diante as tormentas <strong>de</strong> vento ocorrem com gran<strong>de</strong> freqüência, em algumas<br />

ocasiões, relata Holanda, e po<strong>de</strong>m durar gran<strong>de</strong> parte do percurso,<br />

<strong>de</strong> cinco ou seis dias, até a barra do rio Pardo.<br />

Para Holanda, foi a “carência <strong>de</strong> boas comunicações, mais talvez<br />

do que a insalubrida<strong>de</strong> dos lugares escolhidos, o que con<strong>de</strong>nou as<br />

mesmas tentativas ao malogro” da colonização militar. E continua a<br />

dizer que “[...] mesmo durante a Guerra do Paraguai, a vantagem estratégica<br />

das duas colônias militares não conseguiu impor-se <strong>de</strong> forma<br />

a patentear a necessida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> sua manutenção” (1990, p.42),<br />

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