Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas
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po <strong>de</strong> indivíduos que se estabelecem em uma <strong>de</strong>terminada<br />
terra ou região, com um fim material <strong>de</strong>terminado.<br />
Por outro lado o conceito <strong>de</strong> ocupação [...] referese<br />
a tomar posse <strong>de</strong> algo que está <strong>de</strong>voluto e ‘instalarse’<br />
neste. Uma leitura <strong>de</strong>scuidada po<strong>de</strong> levar a crer<br />
que ambos são sinônimos, porém, o ato <strong>de</strong> ocupar<br />
implica algo mais espontâneo e informal, enquanto<br />
que colonizar processos mais complexos como um<br />
planejamento (particular ou oficial), on<strong>de</strong> a realização<br />
<strong>de</strong> tal empreendimento <strong>de</strong>manda algo mais inerente<br />
ao capital. (SAUL, In: BORGES e ALVES, 2006, p. 199).<br />
Apontadas estas consi<strong>de</strong>rações po<strong>de</strong>mos passar para a análise<br />
do fenômeno da colonização.<br />
Antes que o processo <strong>de</strong> colonização, no sentido capitalista,<br />
tivesse se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado oficialmente no extremo noroeste paulista,<br />
esta era habitada pelos índios caiapós, <strong>de</strong>signação genérica dada às<br />
etnias indígenas que viviam “entre o rio Gran<strong>de</strong> e o Tietê” (MONBEIG,<br />
1984, p. 129). Os primeiros grupos não indígenas a se chocar com os<br />
“caiapós” na região foram os mineiros em meados do século XIX. Estes<br />
mineiros que para os planaltos do extremo noroeste <strong>de</strong> São Paulo<br />
se <strong>de</strong>slocaram, na sua maioria fugiam da crise da ativida<strong>de</strong> aurífera<br />
mineira, alguns do recrutamento para o exército imperial que na época<br />
estava envolto na Guerra contra o Paraguai. Outros migraram para a<br />
região por aspirarem uma vida melhor, fugirem <strong>de</strong> algo ou simplesmente<br />
motivados por um espírito aventureiro.<br />
Estes primeiros ocupantes estavam inseridos em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
subsistência, ou melhor, suas ativida<strong>de</strong>s produtivas estavam ligadas<br />
apenas ao necessário para sua sobrevivência, o que não significa que<br />
em não raros casos praticassem uma economia <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes. Um<br />
exemplo disto eram as criações <strong>de</strong> porcos, <strong>de</strong> forma simples. “[...]<br />
bastava semear milho nos campos <strong>de</strong>smoitados pelo fogo e neles <strong>de</strong>ixar<br />
os animais em liberda<strong>de</strong>” (MONBEIG, 1984, p. 135).<br />
Um aspecto importante sobre esta primeira “frente <strong>de</strong> expansão”<br />
(MARTINS, 1971, p.36) diz respeito as condições socioculturais<br />
as quais eles estavam inseridos. Para Antonio Candido (2003), estes<br />
homens e mulheres inseridos nesta frente, a quem ele chama <strong>de</strong> caipiras,<br />
são “resultantes da junção dos traços culturais indígenas e lusitanos<br />
– acrescentaria a estes os africanos – produzindo um estado <strong>de</strong><br />
nomadismo ban<strong>de</strong>irante povoador” (2003 p. 47). Esta simbiose cultural<br />
junto a este “espírito ban<strong>de</strong>irante” criou um grupo social impar nos<br />
sertões paulistas, principalmente <strong>de</strong>ntro do contexto das frentes <strong>de</strong><br />
expansão, não <strong>de</strong>saparecendo por completo com a exploração capita-