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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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como religião oficial e fazer com que os negros continuassem em<br />

sua posição inferiorizada. Não obtendo o seu intento, a Igrja católioca<br />

e seus seguidores passaram então a titular tanto seus instrumentos<br />

rituais, sua música, indumentária africana, suas praticas, as religiões,<br />

assim como toda a cultura afro <strong>de</strong> “folclore”. Dessa forma, o<br />

negro e suas práticas continuariam a serem vistos <strong>de</strong> uma maneira<br />

subordinada, subalternizada. Moura em seu trabalho <strong>de</strong>ixa muito<br />

explicita esta questão:<br />

(...) seus instrumentos rituais, que passaram a ser<br />

instrumentos típicos, com as suas manifestações<br />

musicais, sua musica, indumentária africana, a cozinha<br />

sagrada dos candomblés. Tudo isso passou a<br />

ser simplesmente folclore. E com isto, subalternizouse<br />

o mundo cultural dos africanos e dos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

A dominação cultural acompanhou a dominação<br />

social e econômica. (MOURA, 1992: P. 35)<br />

Ainda hoje, existe uma certa resistência em consi<strong>de</strong>rar as religiões<br />

afro-brasileiras. Utilizando-me do titulo do trabalho <strong>de</strong> Duby (1991)<br />

encerro dizendo que “A <strong>Historia</strong> Continua”.<br />

214<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Após uma breve análise da temática, é notório o quão negativos<br />

são os julgamentos feitos referentes à Umbanda. Para permanecer<br />

com sua supremacia, a Igreja Católica não poupou esforços em propagar<br />

injurias, atacar violentamente todo aquele que expusesse idéias<br />

(no que diz respeito ao plano espiritual) que não fossem as suas. E foi<br />

assim com a Umbanda. E mesmo antes <strong>de</strong>la.<br />

O “combate” à religião afro-brasileira, fora o sentido político, o<br />

<strong>de</strong> supremacia, obteve também como justificativa o papel <strong>de</strong> combater<br />

o “maligno”, as “seitas <strong>de</strong>moníacas”, os levantes contra as “leis <strong>de</strong><br />

Deus”. Como tais seres <strong>de</strong>salmados po<strong>de</strong>riam dizer-se servos <strong>de</strong> um<br />

Deus? Ainda mais esse “Deus” não sendo Jesus Cristo?<br />

É a velha luta racial que passa do mundo terrestre para o mundo<br />

sagrado. As barreiras que as leis <strong>de</strong>mocráticas impe<strong>de</strong>m que se estabeleçam<br />

na socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> fato, se transpõem para a socieda<strong>de</strong> dos<br />

espíritos. Discutia-se, outrora, se os negros tinham alma. O espiritismo<br />

se serve da lei da metempsicose (duas almas animarem o mesmo<br />

corpo) para fazer do homem <strong>de</strong> “cor” a “ocasião da expiação <strong>de</strong> faltas<br />

passadas” (BASTIDE, 1971), uma regressão espiritual. é possível aceitar<br />

esse negro em postos subalternos, mas “não se quer vê-lo como gene-

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