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Anais de Historia CPTL - 2006.pmd - Campus de Três Lagoas

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que também possuía (ou ainda possui na região do extremo noroeste <strong>de</strong><br />

São Paulo) o caráter <strong>de</strong> unir as comunida<strong>de</strong>s, principalmente com a<br />

festa da chegada da ban<strong>de</strong>ira realizada no dia 06 <strong>de</strong> janeiro. Quando<br />

esta tradição teve seu inicio na região ela era organizada, em seu quase<br />

todo, pelas comunida<strong>de</strong>s rurais, mantendo-se no seu original até a década<br />

<strong>de</strong> 1950 (REIS, 2000, p.49). Raul Reis em suas memórias faz um<br />

longo relato sobre esta festa que, para alguns, ultrapassa o significado<br />

<strong>de</strong> festa, tendo um caráter místico sobrenatural, divino:<br />

Era um costume usado pelo homem do campo (zona<br />

rural), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> festejar o dia <strong>de</strong> Reis (06<br />

<strong>de</strong> janeiro).<br />

Aproveitavam para cumprir promessas por graças recebidas.<br />

Era comum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro,<br />

até o dia 06 <strong>de</strong> janeiro encontram-se diariamente<br />

quatro ou cinco folias <strong>de</strong> Reis em cumprimento do<br />

giro como dizia obrigatório por ser em sentido <strong>de</strong>voto<br />

o qual levavam com toda a sincerida<strong>de</strong> e fervor, temendo<br />

serem mal sucedidos pela justiça divina, o<br />

não cumprimento correto do <strong>de</strong>ver segundo as normas<br />

exigidas nos atos ritualísticos [...].<br />

Sendo gente da roça, se preveniam muito antes do<br />

dia <strong>de</strong> Natal, limpando as roças em “ajuntamentos<br />

ou mutirões” a fim <strong>de</strong> que pu<strong>de</strong>ssem trabalhar a vonta<strong>de</strong><br />

na folia, orgulhando-se em ser Foliões dos Santos<br />

Reis [...]. (2000, p.49).<br />

Outro ponto a ser <strong>de</strong>stacado como sendo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

para manter as relações <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> nos sertões da Alta-<br />

Araraquarense são as relações familiares ou as “extensões” da família.<br />

Para os indivíduos envoltos na frente <strong>de</strong> expansão, o conceito <strong>de</strong><br />

família transcen<strong>de</strong> a consangüinida<strong>de</strong>. Os laços estabelecidos no cotidiano,<br />

como os <strong>de</strong> boa vizinhança, o auxilio nos trabalhos com a<br />

lavoura, as ligações religiosas entre um membro da comunida<strong>de</strong> e outro<br />

(o batismo dos filhos, por exemplo), levavam a estabelecer uma<br />

relação bem maior do que a simples amiza<strong>de</strong>, unindo as pessoas como<br />

se fossem da mesma família.<br />

Um agente importante no estabelecimento <strong>de</strong>stas relações <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong>, ou melhor, que con<strong>de</strong>nsa estas relações são as paróquias<br />

que reúnem ao seu redor, uns mais próximos outros um tanto<br />

menos, moradores que por meio da <strong>de</strong>voção ao santo a quem a paróquia<br />

é <strong>de</strong>dicada se unem num laço <strong>de</strong> parentesco.<br />

No tocante as relações socioculturais que influenciaram o processo<br />

<strong>de</strong> colonização da Alta-Araraquarense, nos pren<strong>de</strong>mos a esta<br />

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