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O repasse do dinheiro público a organizações não-governamentais

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ONGsRecursos Públicos, Esta<strong>do</strong>brasileiro e Sociedade Civil:uma contribuição da AssociaçãoBrasileira de ONGs (ABONG)Diretora executiva da Associação Brasileira de Ongs – ABONG,Tatiana Dahmer Pereira defende que, primeiramente, énecessário que se faça a diferenciação entre “ONG” e “TerceiroSetor”, ambos “termos políticos”, mas com inspirações eorigens distintas. Quanto à transparência, Tatiana acreditana atuação <strong>do</strong>s Tribunais de Contas <strong>não</strong> apenas comoórgão fiscaliza<strong>do</strong>r mas, também, para o fortalecimento da“democracia brasileira, o senti<strong>do</strong> e a valorização <strong>do</strong> <strong>público</strong>”.Tatiana Dahmer PereiraDiretora executiva da direção colegiada da ABONG*Um tema recorrente na mídianos últimos anos tem si<strong>do</strong>os problemas e denúnciassobre a má versação de recursos<strong>público</strong>s e de relações promíscuasentre entidades privadas (diga-sede passagem, com e sem finalidadelucrativa) com o Esta<strong>do</strong>. Exemplosdas questões levantadas faltam eclaramente demonstram lacunas efragilidades nos critérios e formasde acesso, uso e monitoramento derecursos <strong>público</strong>s. Mas o tema de quetratamos foca-se na relação entre asentidades sem finalidade econômica– intituladas genericamente comoONGs – e o Esta<strong>do</strong> brasileiro.Na realidade, é preciso, primeiro,qualificar esse termo ONG, assim comoentender “terceiro setor” como umconceito fantasia e <strong>não</strong> sinônimo deONG. Ambos são termos políticos, quese popularizaram a partir <strong>do</strong>s anos de1990, mas que muito pouco expressamsobre a natureza e a diversidadede entidades <strong>do</strong> amplo campo dasOrganizações Sem Fins Lucrativos noBrasil. Para se ter uma idéia, em 2002,existiam cerca de 276 mil <strong>organizações</strong>classificadas como sem fins lucrativosno país. Mas, nem todas são “terceirosetor” e, certamente, poucas sãoONGs.Embora as <strong>organizações</strong> sem finslucrativos existam desde a RepúblicaVelha e tenham si<strong>do</strong> primeiramentereguladas pelo Código Civil de 1938,o termo “terceiro setor”, vincula<strong>do</strong> àfilantropia empresarial, aparece emterras nacionais nos anos de 1990 edissemina-se, inicial e erroneamente,como sinônimo de ONG. Tem relaçãodireta com o papel político <strong>do</strong>sinvestimentos empresariais destina<strong>do</strong>sà chamada “área social”, como formade construção de consensos em torno<strong>do</strong> papel empresarial no que se referea sua responsabilidade social.Enquanto este último inspira-seem uma proposição liberal, funda<strong>do</strong>rada organização democrática e dahistória de conformação da culturacívica norteamericana – onde háhegemonia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> mínimo e cabeaos cidadãos “fazerem o que o Esta<strong>do</strong><strong>não</strong> faz” –, o termo ONG tem outrainspiração e origem.Este aparece no Brasil vincula<strong>do</strong>fortemente a entidades então– por conta da ditadura militar –clandestinas, <strong>do</strong> campo da “esquerda”.Essas <strong>organizações</strong>, que <strong>não</strong> confiavamem um governo ditatorial, associavamsea movimentos sociais de base econstruíam processos socioeducativoscompromissa<strong>do</strong>s com o fortalecimentoda cidadania ativa e a aberturademocrática no país.O termo ONG, com a aberturademocrática, se vincula, então, àpercepção da centralidade e daprimazia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em assegurardireitos de forma universal e atravésde políticas públicas democráticas.Muitas vezes, essas entidades têmo papel de, através de práticasinova<strong>do</strong>ras, fortalecer movimentossociais e de contribuir para formação18 setembro 2008 - n. 39 Revista TCMRJ

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