ONGsAA B O N G r e a l i z o u u m apesquisa com a sua redede <strong>organizações</strong> filiadas em2004. Das 262 <strong>organizações</strong> associadasquan<strong>do</strong> da época de realização dapesquisa (segun<strong>do</strong> semestre de 2004),202 <strong>organizações</strong> responderam aoquestionário envia<strong>do</strong>, ou seja, 77 porcento das associadas.A A B O N G c o n g r e g a a s<strong>organizações</strong> de defesa de direitos edesenvolvimento que historicamentesão consideradas como ONGs. Emboraesse termo recentemente tem servi<strong>do</strong>para classificar entidades de perfismuito diferentes, acreditamos serimportante destacar o campo políticodas ONGs de defesa de direitos quereúnem-se em torno da Abong.4.1. Qual a origem das<strong>organizações</strong> associadas à Abong?As origens das <strong>organizações</strong>associadas à ABONG são múltiplas ediversas, contu<strong>do</strong> podemos verificaruma grande influência de gruposliga<strong>do</strong>s a universidades, movimentossociais, organismos das igrejas(especialmente da Igreja Católica) egrupos autônomos de profissionaisliberais e cidadãos.Algumas <strong>organizações</strong> originaramsede projetos inicia<strong>do</strong>s dentro deuniversidades, outras foram criadas porgrupos de professores universitários,alguns <strong>do</strong>s quais afasta<strong>do</strong>s dauniversidade pela ditadura militar.Aliás, a resistência de grupos civiscontra a ditadura, pela defesa <strong>do</strong>sdireitos humanos e restauração dademocracia no país, foi a gênese dediversas <strong>organizações</strong> associadas.Algumas surgiram, após a anistiapolítica em 1979, pela iniciativa deex-exila<strong>do</strong>s políticos.Muitas <strong>organizações</strong> foramconstituídas por integrantes demovimentos sociais urbanos e rurais,militantes feministas, grupos demulheres, ativistas <strong>do</strong> movimentonegro. Alguns movimentos de bairroe grupos de mora<strong>do</strong>res também4. O perfil das ONGs associadas à ABONGconstituíram <strong>organizações</strong> <strong>não</strong><strong>governamentais</strong>.Outras associadasse originaram de demandas concretasde movimentos populares.Um outro grupo de entidadesdeve sua origem à iniciativa coletivade profissionais liberais (gruposde advoga<strong>do</strong>s/as, economistas,profissionais da saúde, educa<strong>do</strong>res/as populares). Algumas surgiram pormeio da iniciativa ou da inspiração dealguma liderança. A partir da décadade 1980, contu<strong>do</strong>, podemos observara constituição de <strong>organizações</strong> a partirde outros grupos de cidadãos, ativistase intelectuais organiza<strong>do</strong>s em tornode tradicionais e novas demandassociais urgentes e mobiliza<strong>do</strong>ras quecomeçaram a se presentificar ou aganhar contornos mais explícitosna realidade brasileira. Podemosmencionar o caso da epidemiada Aids, da situação de risco decrianças e a<strong>do</strong>lescentes nas grandescidades brasileiras, ou em razãode desequilíbrios ambientais, porexemplo. Uma associada declara que“surgiu como uma resposta comunitáriaàs ausências de informações epolíticas públicas sobre Aids à épocade sua fundação”; outra associada,constituída em 1997, surgiu “a partirda confluência de estu<strong>do</strong>s e pesquisasde seus funda<strong>do</strong>res e da percepção dafalta de ações e reflexões específicassobre o tema das masculinidades esuas interconexões. Originalmente,o tema central de trabalho era apaternidade na a<strong>do</strong>lescência...”. Asações que deram origem à criaçãode uma associada ambientalista em1991 foram “o movimento em tornoda criação <strong>do</strong> Parque Nacional deChapada <strong>do</strong>s Guimarães, a luta pela<strong>não</strong> construção da Usina de Manso econtra a hidrovia Paraguai-Paraná”.Contu<strong>do</strong>, uma das maioresinfluências na formação <strong>do</strong> campode <strong>organizações</strong> associadas à Abongfoi a Igreja Católica, por meio daação de suas Pastorais Sociais, CEBse Dioceses. Podemos verificar quea Igreja Católica impulsionou tantoa formação de campos associativosmais antigos – liga<strong>do</strong>s à educação, àsaúde e à assistência social – a partirda concepção cristã de caridade,filantropia e ajuda aos necessita<strong>do</strong>s,como a constituição de um campode entidades de defesa de direitos,que tem como perspectiva de açãoa construção de sujeitos políticosemancipa<strong>do</strong>s e autônomos.A influência da Igreja Católica naorigem de um número significativo de<strong>organizações</strong> associadas foi importantee ainda se faz presente por meio daspastorais sociais e de algumas dioceses,e através de <strong>organizações</strong> civis ligadasà Igreja, como a Cáritas. Contu<strong>do</strong>, nosúltimos anos, lutas fundamentais das<strong>organizações</strong> que compõem hoje ocampo político da Abong – como adescriminalização e legalização <strong>do</strong>aborto e o combate à homofobia e aqualquer forma de discriminação emrazão da opção sexual –, encontram naIgreja Católica um de seus principaisoponentes.4.2. Quais são seus objetivos eperspectivas de atuação?As <strong>organizações</strong> associadas àAbong se atribuem um papel políticoe estratégico delimita<strong>do</strong>: são atoresa serviço da transformação social,da emancipação e da construção deuma sociedade justa e sustentável.Atuam na esfera pública e lutam paraque todas as relações de poder sejamdemocratizadas em to<strong>do</strong>s os níveis dasrelações sociais.Ao analisar a missão e os objetivosdas <strong>organizações</strong> associadas e suasperspectivas de atuação, devemosressaltar que as palavras autoatribuídascarregam senti<strong>do</strong>s políticos,produzem e reafirmam identidades,geran<strong>do</strong> reconhecimentos recíprocos.Elas traduzem e são porta<strong>do</strong>ras dedeterminadas visões de mun<strong>do</strong> queproduzem reflexos concretos empráticas sociais, culturais e políticas.Expressões como “desenvolvimentosustentável”, “participação cidadã”6 setembro 2008 - n. 39 Revista TCMRJ
e “DHESCAs – Direitos humanos,econômicos, sociais, culturais eambientais” - traduzem objetivos,desejos, bandeiras de luta, constituin<strong>do</strong>verdadeiros campos políticos comsignifica<strong>do</strong>s e práticas partilhadas porum amplo conjunto de atores sociais.Podemos encontrar, após umaleitura analítica da missão das<strong>organizações</strong> associadas, algunsobjetivos comuns: a promoção <strong>do</strong>desenvolvimento nacional (urbano,rural, regional) com sustentabilidadeambiental e equidade; efetivação <strong>do</strong>sdireitos humanos e construção denovos direitos, incluin<strong>do</strong> a dimensão<strong>do</strong>s direitos sociais, culturaise econômicos; fortalecimento dacidadania e da participação políticade homens e mulheres; eliminaçãode todas as formas de discriminaçãoe violência, especialmente adiscriminação étnico-racial e deEmbora seja uma inovação naconstrução da democraciabrasileira, as ONGs de defesade direitos vivem hoje um contextode criminalização de suas atividades,assim como os movimentos sociais.A sua crescente visibilidade públicaaliada à luta por transformaçõessociais, como a preservação socioambiental,a luta contra o racismo e porpolíticas de ação afirmativa para a populaçãonegra, a luta por uma reformaagrária, pelo direito <strong>do</strong>s povos indígenasaos seus territórios, pelos direitosCICONELLO, Alexandre. A participaçãosocial como processo de consolidaçãoda democracia no Brasil (paper)Presente na Publicação: “From Poverty toPower: How active citizens and effectiveStates can change the world”. Disponívelem (http://www.oxfam.org/en/fp2p/casestudies).Oxfam Internacional, 2008gênero; potencialização <strong>do</strong> processode conscientização e autonomia <strong>do</strong>ssetores populares da sociedade.Esses grandes objetivos comunsse traduzem em ações e articulaçõespolíticas concretas. Cabe ressaltar quemuitas vezes a própria movimentaçãosocial na qual as <strong>organizações</strong>associadas estão inseridas produztambém outras formas de traduzir essesideais, como a idéia de “radicalizaçãoda democracia” e a expressão “umoutro mun<strong>do</strong> é possível”, que sintetizaem uma bandeira, uma pluralidade deexperiências, práticas e sujeitos políticosque lutam por reconhecimento de suasidentidades e por uma experiênciahumana que lhes garanta direitos,liberdade, justiça e igualdade.A fim de se aproximar desse objetivomaior de transformação e emancipação,as <strong>organizações</strong> associadas utilizamvárias estratégias de ação política,5. Considerações finaissexuais e reprodutivos das mulheres,por um modelo de desenvolvimentoque <strong>não</strong> privilegie a concentração derenda e insustentabilidade ambiental,tem provoca<strong>do</strong> uma série de reaçõesconserva<strong>do</strong>ras por parte da grandemídia e setores da sociedade.Muitos defensores/as de direitoshumanos no país têm si<strong>do</strong> ameaça<strong>do</strong>se processa<strong>do</strong>s por grandes empresastransnacionais ou até persegui<strong>do</strong>s porórgãos <strong>público</strong>s, como recentementeocorreu com o MST – Movimento <strong>do</strong>sTrabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra. OReferências BibliográficasCICONELLO, Alexandre. Novos Sujeitosna Cena Política: uma análise <strong>do</strong> perfil dasONGs de defesa de direitos e desenvolvimentoassociadas à ABONG Presente na Publicação:Ongs no Brasil: Perfil das Associadas àAbong. São Paulo: Abong, 2006.IBGE. As fundações privadas e associaçõessem fins lucrativos no Brasil– 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.SCHERER-WARREN, Ilse. Associativismocivil em Florianópolis da ditaduraà redemocratização. In: SCHERER-WARREN, Ilse; CHAVES, Iara Mariatanto com foco na própria sociedadecivil (apoio e assessoria a grupospopulares, trabalhos de educaçãopopular, mobilização e articulação dasociedade civil, elaboração e difusão depesquisa e estu<strong>do</strong>s, desenvolvimentode projetos e ações inova<strong>do</strong>ras), comocom foco no Esta<strong>do</strong> (proposição depolíticas públicas, controle social dagestão pública etc.).Podemos considerar, portanto, quea prática política dessas <strong>organizações</strong> éformada por um tripé que alia:• o trabalho educativo na perspectivade formação política e mobilizaçãosocial;• a produção e socialização deconhecimentos e práticas; e• a a t u a ç ã o s o b r e o E s t a d o ,especialmente visan<strong>do</strong> influenciaras políticas públicas e exercer ocontrole social.Ministério Público <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong>Sul pactuou uma resolução internaque tinha como foco extinguir o MSTno Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Nesse senti<strong>do</strong>, é importante resgataro caráter democratizante e transforma<strong>do</strong>rdas ONGs de defesa de direitosna realidade brasileira, a partir de suasorigens e perspectivas de atuação: suavocação pública e sua luta pela defesae efetivação <strong>do</strong>s direitos humanos ea construção de uma sociedade maisjusta e ambientalmente sustentável.(Org.) Associativismo em Santa Catarina:trajetórias e tendências. Florianópolis:Insular, 2004.VIOLA, Eduar<strong>do</strong>; MAINWARING,Scott. Novos movimentos sociais: culturapolítica e democracia: Brasil e Argentina.In: SCHERER-WARREN, Ilse; KRISCHKE,Paulo, J. (Org.) Uma revolução no cotidiano:os novos movimentos sociais naAmérica <strong>do</strong> Sul. São Paulo: Brasiliense,1987.Revista TCMRJ n. 39 - setembro 20087
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