ONGsesfera civil é – neste mesmo território,olhada por uma segunda lógica, ada matriz marxista. Para os adeptosdela a sociedade civil se contrapõe aoEsta<strong>do</strong> apenas aparentemente, porqueos merca<strong>do</strong>s capturaram o Esta<strong>do</strong>para fazer dele uma condensaçãodas contradições impostas pela<strong>do</strong>minação econômica de diferentesclasses proprietárias capitalistas sobreo resto das classes sociais destituídas<strong>do</strong>s meios de produção. Diante destasduas visões contraditórias no mesmoterritório da identidade nacional, comosituar os investimentos necessários paraexpandir a economia solidária? Aqui énecessário que a pesquisa das ciênciashumanas elabore as representaçõessociais em torno da economia solidáriacomo uma instância de merca<strong>do</strong>, masdirecionada para o comércio justo,com regras trabalhistas próprias, mastão claras quanto às <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s comfins lucrativos.2. O território da pluralidadetransforma<strong>do</strong>raNeste território são atribuídasaos novos movimentos identidadesespecificas cujas demandas sociaisexpressam uma pluralidade de sujeitos.Mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s bairros populares,associações religiosas, grupos deecologia e socioambientais, movimentosde assentamentos da reforma agrária,os grupos e subgrupos feministas, osvários subgrupos étnicos de origem afrobrasileiraassim como a organização darepresentação indigenista apresentamuma multiplicidade de sujeitos. Maseles separam-se da matriz liberal emarxista de uma identidade nacionalporque pretendem direitos próprios aosafro-descendentes, feministas, culturasétnicas que <strong>não</strong> estão previstos naidentidade nacional. De onde provéma contradição entre os <strong>do</strong>is territóriose as fontes <strong>do</strong>s novos direitos nestescasos? A contradição tem origem naausência de um Esta<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong> parareconhecimento da economia plural.Num mesmo território nacional a lutaintercapitalista reivindica exclusividadepara sua forma econômica. De acor<strong>do</strong>com a lógica <strong>do</strong>s movimentos urbanos erurais, <strong>organizações</strong> <strong>não</strong>-<strong>governamentais</strong>,redes de entidades em torno daconstrução de espaços de representaçãosocial pelo reconhecimento de direitos,a construção da nova sociedadecivil baseada na economia solidária,comércio justo e microfinanças <strong>não</strong>é uma demanda contra os merca<strong>do</strong>scapitalistas. A economia solidária éporta<strong>do</strong>ra de novos valores identifica<strong>do</strong>scom a emancipação em oposição aoprincípio de regulação e controle no póloestatal e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Essa esfera civil<strong>não</strong> se contrapõe rigidamente ao Esta<strong>do</strong>,mas, pelo contrário, pretende ampliaras possibilidades de publicização eabertura da esfera estatal para tornaro aparato governamental apto acaptar os particularismos, diferençase singularidades de classes e grupossociais.3. O território da sociedade civilsocialistaNeste território foi <strong>do</strong>minante nodiscurso das correntes dissidentes nofinal <strong>do</strong>s regimes socialistas de Esta<strong>do</strong>no Leste europeu. Trata-se de umaesfera civil socialista diferente dasduas concepções anteriores, pois <strong>não</strong>foi concebida a partir da contraposiçãosociedade civil versus Esta<strong>do</strong>, maspromessa de aliança entre Esta<strong>do</strong>democratiza<strong>do</strong>, e formas de gestãosemi-pública da economia (ARATO,1981). A crítica dessa perspectiva,que teria fracassa<strong>do</strong> nos anos 1990entre os ex-países socialistas, temum argumento simples: a sociedadecivil é uma invenção essencialmenteocidental e, como tal, exige que hajaa separação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> restante dasociedade (GELLNER, 1997). Mas talseparação nada diz acerca da estruturae composição interna da sociedadecivil (aspectos sobre os quais nos fala K.Marx). Por isto, o desenvolvimento deum segmento de economia solidária ede comércio justo tem si<strong>do</strong> a experiênciahistórica das sociedades que viveramgrandes traumas de guerras externas ecivis, com extrema destruição <strong>do</strong> vínculosocial; elas criaram uma sociedadecivil como economia social que temsi<strong>do</strong> responsável por cerca de 30-40%das movimentações econômicas daeconomia nacional. Este territóriode uma sociedade civil socialista éplenamente coerente com a criação deinstituições apropriadas para a economiaplural, além da tipicamente capitalista.Contu<strong>do</strong>, são os marcos jurídicos e osacor<strong>do</strong>s institucionais que garantem aexistência desta economia social.70 setembro 2008 - n. 39 Revista TCMRJ
AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL COM ECONOMIA SOLIDÁRIAAs partes envolvidas buscamatribuir um senti<strong>do</strong> de direçãoà sociedade civil, ora emreelaboração (anos 2000) a partirde um acontecimento chave: a (re)emergência <strong>do</strong>s outros diferentesna política (o indígena, o operário,a mulher, os homossexuais). Oponto central de discórdia está nainterpretação sobre o (presente) futuroque assume a esfera pública.Nos primeiro e segun<strong>do</strong> territóriosa esfera pública é equivalente à esferaestatal, dai restan<strong>do</strong> à esfera civilapenas o papel de representar a esferaprivada mercantil, ou de ser uma esferagovernamental/estatal, mas resulta<strong>do</strong>de um somatório entre esferas privadascom fins <strong>público</strong>s (excluí<strong>do</strong>s os agentese interesses de merca<strong>do</strong>) e a esferapública governamental.Não é possível integrar as trêsconcepções, como se vê. Mas é viável,como recursos heurístico e provisório,tomar como base mínima de identidadeentre as três correntes os problemasdecorrentes da proteção estatal aoindivíduo <strong>não</strong>-proprietário, tal comopostula o movimento pela economiasolidária. Por razões macroeconômicastanto sob a concepção da esfera civilliberal, quanto na concepção danova esquerda sobre a esfera públicaexpandida, e igualmente sob a terceiralógica pós-comunista – um ponto departida obrigatório é a importância <strong>do</strong>poder <strong>público</strong> como garante jurídico einstitucional <strong>do</strong>s interesses (priva<strong>do</strong>se <strong>público</strong>s) de to<strong>do</strong>s os cidadãos nofuturo da economia solidária.Quan<strong>do</strong> o poder <strong>público</strong> <strong>não</strong> éo garante jurídico e institucional,a pretensão de soberania <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>é destituída de base social, já quefracassam tanto o que Max Weberchamou de <strong>do</strong>mínio organiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>território, quanto à relação das pessoasno plano subjetivo ou interno de suaprivacidade, inviabilizan<strong>do</strong> o mínimode sociabilidade política que supereo isolamento, como nos lembra H.Arendt. A economia solidária cumpreeste papel potencial de promovera universalização da proteção aosdireitos humanos na maior parte dasformações locais e regionais peloBrasil afora.“Um ponto departida obrigatórioé a importância<strong>do</strong> poder<strong>público</strong> comogarante jurídicoe institucional<strong>do</strong>s interesses(priva<strong>do</strong>s e<strong>público</strong>s) deto<strong>do</strong>s os cidadãosno futuro daeconomiasolidária.Aqui – como em outras sociedadescivis restritas herdeiras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>colonial nas Américas – <strong>não</strong> se tratahoje apenas <strong>do</strong> problema da inclusãoeconômica de vastas camadassociais enquanto consumi<strong>do</strong>res.Com a possibilidade de umaeconomia solidária fortalecida pelasmeto<strong>do</strong>logias de envolvimento edifusão <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s da finança socialentre populações negras e indígenas,parte considerável da diversidade eda riqueza de posições, alternativase caminhos pode encontrar canaisde expressão e poderão aumentara sociodiversidade na prática real,diária, <strong>do</strong> regime político. Tal economiasolidária está dirigida para focalizaçãode resulta<strong>do</strong>s entre estas populações.É possível superar as discriminaçõesde acesso sofridas pelos gruposétnicos (entrada e saída nas políticaspúblicas) se houver base jurídica queforneça os fundamentos para tornaresta esfera de direitos conexa à esferade direitos de outros grupos.Isso poderá ocorrer por meio<strong>do</strong> alargamento <strong>do</strong> judiciário e <strong>do</strong>stribunais de contas para agasalharas esferas públicas da economiasolidária em conexão com estruturasassociativas voluntárias em suasrelações de representação social,diante das pressões contrárias darepresentação política. Decorre destaquestão incorporar concretamenteno ordenamento jurídico nacional osinteresses estratégicos e superioresda economia solidária, para tornarviável que eles sejam <strong>público</strong>s, mascom exterioridade conexa ao circuitogovernamental de ações. Na medidaem que os recursos <strong>público</strong>s detoda a sociedade, catalisa<strong>do</strong>s peloEsta<strong>do</strong> para este fim, forem atrain<strong>do</strong>interesses priva<strong>do</strong>s capitalistas, seráinevitável o aumento da mobilizaçãoe capacidade de pressão destessegmentos de se organizar e apropriar,”seja pela cooptação, seja pela captura(corrupção) destes recursos daeconomia solidária. Daí a importânciaRevista TCMRJ n. 39 - setembro 2008 71
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