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O repasse do dinheiro público a organizações não-governamentais

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artigoTropel <strong>do</strong>s Bárbaros“Entre uma democracia corrompida e uma ditaduraimaculada vejo na primeira um mal menor. LORD ACTONdizia: to<strong>do</strong> poder é corruptor e o poder absoluto corrompeabsolutamente. Para mim, mede-se o grau de civilizaçãode um povo pelo acatamento à Lei votada pelos seusrepresentantes livremente eleitos. Creio que alguém éculpa<strong>do</strong> após julgamento que o condenou e no qual lhe foidada a oportunidade de defesa.”Humberto BragaConselheiro aposenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> TCE/RJ e Professor aposenta<strong>do</strong> da UERJNo Brasil de hoje ouve-seum rumoroso tropel debárbaros. Quem são eles?Malfeitores de favelas, traficantes dedrogas, delinqüentes de colarinhobranco, psicopatas sanguinários?É claro que estes são criminososmerece<strong>do</strong>res de severa repressão,porém os que agora mais ameaçamo nosso árduo processo civilizatóriosão outros. São aqueles que, emborase arvoran<strong>do</strong> em elite, exigem apunição antes <strong>do</strong> julgamento. Sãoaqueles que, auto proclaman<strong>do</strong>-seesclareci<strong>do</strong>s, jamais se deram aotrabalho de consultar a Constituiçãoda República (alguns só a conhecemde ouvir falar), antes de opinarsobre questões constitucionais.São aqueles para os quais a CartaMagna protege a imoralidade. Masse muitos quiserem vê-la atiradaà lata de lixo, um órgão tem dedefendê-la ainda que os bárbaros semultipliquem e alteiem o seu clamor.Esse órgão é o Supremo TribunalFederal, cujo dever maior consisteem ser o “guardião da Constituição”.Incumbe a seus membros decidir<strong>não</strong> com a frequentemente volúvelopinião pública e sim com suasconvicções jurídicas. Parlamentosdevem ser sensíveis às pressõespopulares. Tribunais têm que serobedientes aos imperativos dalegalidade. Critica-se a lentidão dajustiça. Mas judiciário moroso <strong>não</strong> éapanágio <strong>do</strong> nosso país ou <strong>do</strong> nossotempo. No mais famoso monólogoda história <strong>do</strong> teatro (ser ou <strong>não</strong>ser), Hamlet invocou, como umO processojudicial éinevitavelmentelento. Todavia,melhor que aexpectativa dasentença rápidaé a esperançada sentençajusta.“”<strong>do</strong>s motivos justifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>não</strong>ser, “The Law’s Delay”. O processojudicial é inevitavelmente lento.Todavia, melhor que a expectativada sentença rápida é a esperança dasentença justa. O Poder Judiciário<strong>não</strong> é infalível e portanto é passívelde críticas. Mas, quan<strong>do</strong> se pretendeamesquinhá-lo, quan<strong>do</strong> se desprezaa lei sem sequer tentar modificála,quan<strong>do</strong> se calcam aos pés osdireitos <strong>do</strong> indivíduo, mergulhasena voragem insondável <strong>do</strong>vale-tu<strong>do</strong>. Os inquisi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>passa<strong>do</strong> queimavam os dissidentesr e l i g i o s o s p a r a “ m a i o r g l ó r i ade Deus”. Os purifica<strong>do</strong>res <strong>do</strong>presente se rebelam contra a ordemjurídica em nome da “luta contraimpunidade”. E essa vociferaçãorelega a plano subalterno a lutapelo desenvolvimento econômico ea luta pela redução da desigualdadesocial. Assim essas campanhas têmcaráter objetivamente diversionista,embora decerto <strong>não</strong> seja este opropósito consciente de seusmilitantes. Crime tem que ter castigocom respeito à lei e sob a égide dademocracia. A indignação é naturale mesmo inevitável mas, gritaria efuror, explosões de irracionalidade<strong>não</strong> promovem regeneração moral.Apenas prenunciam a ruína <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> de Direito e o advento dabarbárie.90 setembro 2008 - n. 39 Revista TCMRJ

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