ONGssituar a importância para que estenovo ambiente tenha segurançajurídica e fiscal, orçamentária elegislativa a serem criadas nostrês níveis de governo, a fim deque as atuais formas de controlee acompanhamento, governançae controlabilidade de aplicação<strong>do</strong>s recursos <strong>público</strong>s possam serdesenvolvidas nesta área, como umnovo mo<strong>do</strong> de produção <strong>do</strong> direitoadministrativo brasileiro.AS MUTAÇÕES DO DUALISMO ESTADO-SOCIEDADE CIVILEsta polarização está sujeita acontradições e periodicamentepassa por revisõesinterpretativas nas Constituiçõese regimes porque a instabilidadeexcessivamente fluida e labial <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>-Nação é fruto de uma criaçãoartificial que vive sob o para<strong>do</strong>xo daquadratura <strong>do</strong> círculo. Entre seuselementos constitutivos há umasociedade complexa e ele próprioé criação desta sociedade, então,como pode o Esta<strong>do</strong> abarcá-la?Clássico problema que gira emtorno <strong>do</strong> melhor modelo para asrelações governativas ou governançaentre as partes e o to<strong>do</strong>, paradigmaque encontrou residência fixa nodualismo Esta<strong>do</strong> (Nação) - SociedadeCivil. (BOBBIO, 1987, 1995, 1995ª;KRUMMER, 1992, LEFORT, 1991;KEANE, 1988, IANNI, 1999, HELD,1987, HALL, 1995, GRAU, 1998,1997; CHAUÍ, 1989, 1987, FEHÉR eHELLER, 1998, IANNI, 1999).A antiguidade da sociedade(civil) está marcada por amplosparticularismos, secessões eheranças intergeracionais, formaseconômicas e sociais, culturais efamiliarismos econômicos capazesde se converter em contra-poderes,que ameaçariam a existência <strong>do</strong>ordenamento estatal 2 . Os adeptosque acreditam nesta tese advogamsob diferentes matizes ideológicoso fortalecimento <strong>do</strong>s poderes deEsta<strong>do</strong>, <strong>não</strong> necessariamente somenteo poder político (FREITAG, 1992,ENRIQUEZ, 1990). 3Olham para a sociedade civil esó enxergam fragmentação e riscoda horda contra o Esta<strong>do</strong>. Segue-sedaí a luta contra os abusos; ela gerao que Hannah Arendt apontou comofonte de totalitarismos, a vontade defazer justiça conduz à destruição <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> (cotidiano), e a síntese distojá está na máxima latina Fiat Iustitiaet Pereat Mundus (ARENDT, 1987,1965). O tema da horda contra oEsta<strong>do</strong> é, aliás, objeto de um brilhantelivro <strong>do</strong> sociólogo espanhol EugèneEnriquez, publica<strong>do</strong> no Brasil nosanos 1990 .O sociólogo Enriquez foi colherna fonte das obras da psicanáliseas explicações sobre as relações <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> com o vínculo social, a fimde situar que as relações de podertornaram-se mais importantes parasustentar o próprio Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> que asrelações econômicas. Se tivermosem foco a importância desta tese,veremos o problema <strong>do</strong> dualismomoderno sociedade civil – Esta<strong>do</strong> sobum novo ângulo.Enriquez busca a resposta sobrea natureza <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> moderno notocante às suas pretensões totalitárias,neste para<strong>do</strong>xo moderno à medidaque crescem as relações econômicasde merca<strong>do</strong> aumenta também a luta deto<strong>do</strong>s contra to<strong>do</strong>s. Esta luta, contu<strong>do</strong>,é característica “da sociedade <strong>do</strong>shomens livres (capitalista) e tem comocontrapartida levar à multiplicaçãoinfinita <strong>do</strong>s poderes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”.O para<strong>do</strong>xo de uma sociedade dehomens livres que agem de maneira achegar à irracionalidade de construirum esta<strong>do</strong> totalitário para coibir suaprópria liberdade – este para<strong>do</strong>xo,(vamos chamá-lo adiante de para<strong>do</strong>xoEnriquez) é o que está na raiz <strong>do</strong>recrudescimento <strong>do</strong> anti-semitismonazista na Europa nos anos 1990(mas que para Enriquez poderia teroutro grupo social e étnico como bodeexpiatório).O autor <strong>não</strong> encara a sociedade nazistacomo fruto da aberração ou algo isola<strong>do</strong>;mais grave, interpreta este ressurgimentocomo acontecimento exemplar daprópria natureza <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> modernoe <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da destruição baseadana construção de meios científicos,tecnológicos, feito metodicamente deforma “tranquila, sem culpa”.2Acerca deste dualismo ver SOUSA SANTOS, 1994; GOHN, 1985; CHAUÍ, 1989, 1987, CLASTRES, 1978; COHEN e ARATO, 1995.3ENRIQUEZ, 1990: Da horda ao Esta<strong>do</strong> – a psicanálise <strong>do</strong> vínculo social.66 setembro 2008 - n. 39 Revista TCMRJ
Tal meta de aggiornamientotem si<strong>do</strong> a matéria-primadas teorias <strong>do</strong> direito, daadministração pública e managementempresarial das corporações e dasteorias econômicas. Na ótica Dahorda ao Esta<strong>do</strong> – a psicanálise <strong>do</strong>vínculo social, Enriquez diria que90% das teorias e méto<strong>do</strong>s prescritosde governança nas empresas e nacontabilidade nos governos operamcomo se tivéssemos necessidadede equacionar a quadratura <strong>do</strong>círculo: um centro (self político,econômico e cultural) só podeter como modelo o de estruturashierárquicas de gerenciamentopara atingir a coordenação detamanha fragmentação. Mas restasaber se os entes constituintesfragmenta<strong>do</strong>s reconhecem, em todasas circunstâncias, a validade destemodelo de esta<strong>do</strong> como pólo delegitimidade de poder. Estimo,grosso mo<strong>do</strong>, que apenas 10% dasnossas teorias e modelos mentaise cognitivos, práticas e exercíciossociopolíticos na administração ejustiça brasileiras estão orienta<strong>do</strong>spara pensarmos e praticarmos umasociedade civil sem recorrer a formasde hierarquização rígidas ou adaptadasde gerenciamento. Elas têm emcomum uma base jurídica de fomentoà síndrome <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> diferente(AGAMBEN, 1998) e à repressãoNOVAS SOLUÇÕES PARA O PARADOXOpela violência institucionalizadaenquanto técnicas políticas latentesou concretas de controle social.Especialistas e pesquisa<strong>do</strong>restemos, desde os anos 1988/1990,quebra<strong>do</strong> a cabeça para elaborarteoricamente e avançar a pesquisae a prática concreta em torno decomo tornar viáveis a governançae a controlabilidade destas novasformas de trabalhar em rede pelosgovernos, assim como novosmodelos horizontais que operampelos princípios de auto-gestão eautopoeisis, capazes de uma relaçãode autonomia inserida diante <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, e vice-versa (TRAGTENBERG,2004; MOTTA, 1994; DRAIBE etal, 1989; DUARTE, 1993; ESPING-ANDERSEN, 1990, FARIA, 1999;FERNANDES, 1994; NEDER, 2002,1996, 1995, NASCIMENTO, 1994;DOIMO, 1995, 1997; AVRITZER,1994, BENEVIDES, 1991; DAGNINO,1997; COSTA, 1997; BOSCHI, 1987;DEMO, 1997).Como manter vivo o dinamismocentro-periferia como parte de umaunidade, sem recorrer às técnicas degerenciamento e regulamentação queencarecem to<strong>do</strong>s os investimentoss o c i a i s d o E s t a d o p o r c r i a rgrande contingente de agentesintermediários? Ao invés de a<strong>do</strong>taro “tu<strong>do</strong> é sagra<strong>do</strong>” das sociedadespré-industriais, em que cada homeme cada coisa participavam à suamaneira da totalidade cósmica,estamos diante <strong>do</strong> “nada é sagra<strong>do</strong>,tu<strong>do</strong> é profano” <strong>do</strong> cristianismo.Em particular, o Iluminismo– e, por extensão, o merca<strong>do</strong> –destituíram também a Igreja deseu lugar de representante <strong>do</strong>corpo místico de Deus na terra.Simultaneamente o Esta<strong>do</strong> veiose fortalecen<strong>do</strong>, transforman<strong>do</strong>-seno subjuga<strong>do</strong>r da sociedade civil,depositário <strong>do</strong>s desejos de totalidade(característicos das pulsões de morte,insiste Enriquez). Os aparelhos degoverno são suficientes para “fazerexistir, no real, o fantasma-<strong>do</strong>-um”.Como se sabe, esta suspeita <strong>do</strong>fantasma <strong>do</strong> coletivo que busca o“um” foi levantada por Freud em seustextos sobre a vida social, sobretu<strong>do</strong>em “Psicologia de Massas e Análise<strong>do</strong> Ego” (1925) quan<strong>do</strong> anteviu amarcha <strong>do</strong> totalitarismo nazista.Nestes textos Freud descreveo mecanismo pelo qual o “um”possa <strong>do</strong>minar: é preciso que todaa diferença seja destruída. Estaameaça paira sobre os nossos atuaismodelos de estrutura de governo que,apesar de <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s aparentemente devários centros de poder (poliarquia),submergem periodicamente emformas de autoritarismo, ou seja,seu objetivo torna-se reduzir todadiferença.O DINAMISMO DA SOCIEDADE CIVIL É O DINAMISMO DOS DIFERENTESSe dermos crédito a este“ para<strong>do</strong>xo Enriquez” (ec o n f i r m a d o p o r o u t r o spesquisa<strong>do</strong>res contemporâneos) deque nos melhores regimes sociaise políticos poliárquicos estamossujeitos a situações disfarçadas deesta<strong>do</strong>s de exceção autoritário outotalitário, pode estar chegan<strong>do</strong> ahora de nos abrirmos para novasformas de organização e de atuaçãopolíticas (GRAU, 1998, 1997; GRANT,1985).No Brasil estes sintomas aparecemcomo a crise policial de segurançapública, a violência com que morremossob a tecnologia <strong>do</strong> sistema de transporteindividual basea<strong>do</strong> no automóvel,ou nas reiteradas dificuldades paraevitarmos o aban<strong>do</strong>no e a exclusãoeconômica tão fatalista quanto inútilde milhares de jovens oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>sgrupos étnicos diferentes e pobres,como se fosse latente o sentimento deestarmos em esta<strong>do</strong>s de exceção nonosso dia-a-dia.O dinamismo que contrapõesociedade civil e Esta<strong>do</strong> para requereruma ação estatal apazigua<strong>do</strong>ra, foiresponsável em associação coma empresa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> colonial -anterior, portanto, a qualquerveleidade democrático-burguesa -pela grande ocupação e ampliação <strong>do</strong>território. Esta empresa colonial, ouse quisermos, Esta<strong>do</strong> colonial, deixouraízes e elas estão na sociedade civil.Sem a participação de vastos gruposétnicos e afro-brasileiros, nossosRevista TCMRJ n. 39 - setembro 200867
- Page 8 and 9:
ONGsAA B O N G r e a l i z o u u m
- Page 13 and 14:
Executivo, ouvidos por essa Comiss
- Page 15 and 16:
competência de formulação legal,
- Page 17 and 18: Os convênios são um veículoantig
- Page 19 and 20: A leitura do preâmbulo é tabular,
- Page 21 and 22: de lideranças e mesmo da populaç
- Page 23 and 24: Na searaprivada imperaa autonomia d
- Page 26 and 27: ONGsTerceiro Setor e Parceriascom a
- Page 28 and 29: ONGsse reconhece ao contrário, nã
- Page 30: ONGsinduz priorização a determina
- Page 33 and 34: Essa constatação de que o foco no
- Page 35 and 36: Transferência de recursosfinanceir
- Page 37 and 38: É o campo das transferências oudo
- Page 39 and 40: do Brasil e a concomitante expansã
- Page 41 and 42: 3. FOMENTO PÚBLICO E PARCERIAS: A
- Page 43 and 44: 4. GESTÃO PRIVADA DE RECURSOS FINA
- Page 45 and 46: Louvável, portanto, foi a Lei fede
- Page 47 and 48: integrantes do Terceiro Setor -para
- Page 49 and 50: de gestão, ou seja, formatação e
- Page 51 and 52: CRC capacita contabilistas no RioO
- Page 53 and 54: Foto: Arquivo Rio Voluntáriopela h
- Page 55 and 56: Presidente da República - por meio
- Page 57 and 58: fácil a colaboração entre entida
- Page 59 and 60: “O Conselho Federalde Contabilida
- Page 61 and 62: de registro cadastral não impedequ
- Page 63 and 64: [...]Grande parte dos recursosé d
- Page 65 and 66: 2005, por meio de convênios,contra
- Page 67: Estado e Sociedade Civil diante dan
- Page 71 and 72: “A economia solidária cumpreeste
- Page 73 and 74: AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DA SOCIEDA
- Page 75 and 76: 22, 1993. São Paulo. ANPOCS;ESPING
- Page 77 and 78: Brasil que não nasceu aqui, masmor
- Page 79 and 80: que, em decisão inédita, chegoua
- Page 81 and 82: Brasil (Atricon) e do Instituto Ruy
- Page 83 and 84: “Ninguém melhor que o Ministro L
- Page 85 and 86: depoimento de sua filha Andréa,con
- Page 87 and 88: seu governante e, por conseqüênci
- Page 89 and 90: O teste do bafômetro e a nova lei
- Page 91 and 92: pelo agente de trânsito mediante a
- Page 93 and 94: Vale a pena ler de novoMatérias pu
- Page 95 and 96: Estado de grampoArtigo - Sergio Ber
- Page 97 and 98: em pautaI Jornada de DireitoAdminis
- Page 99 and 100: professor da Universidade de Boccon
- Page 101 and 102: do universo de normas jurídicas, c
- Page 103 and 104: este ponto de partida. O que temosf
- Page 105 and 106: V Fórum Brasileiro de Controle daA
- Page 107 and 108: desse redesenho que se estabeleceua
- Page 109 and 110: Melhim Namem Chalhub, Henrique Goya
- Page 111 and 112: Foto: Marco Antonio ScovinoOrçamen
- Page 113 and 114: poder geral de cautela “visa resg
- Page 115 and 116: Nietzsche um dia se perguntou porqu
- Page 117 and 118: Foto: Marcos AndradeCoral do TCMRJ
- Page 119 and 120:
TCMRJ recebe candidatos a Prefeitur
- Page 121 and 122:
Visitas ao TCMRJJunho.2008Dia 2 - D
- Page 123 and 124:
Dia 15 - CláudioSancho Mônica,coo
- Page 125 and 126:
Dia 7 - DesembargadorBento Ferolla
- Page 127 and 128:
Dia 24 -AlexandreBrandão, Procurad
- Page 129 and 130:
serem alugados e adaptados para oal
- Page 131 and 132:
concentrador, explorado por apenasc
- Page 133 and 134:
anterior que comprovasse a sua apti
- Page 135 and 136:
CIESZO, Jacob Kligerman e ReynaldoP
- Page 137 and 138:
desta Corte”, ressaltando que a L
- Page 139 and 140:
ase de contribuição do servidorp
- Page 141 and 142:
excepcionais, sendo que, o prazo de
- Page 143 and 144:
executivos de trânsito e executivo
- Page 145 and 146:
Mapa nº 4 - Valores apurados na ta
- Page 147 and 148:
CONTRATOO tempo transcorrido e umac
- Page 149 and 150:
irregularidades ou a ocorrência de
- Page 151 and 152:
ACÓRDÃO - TCUDiligência para que
- Page 153 and 154:
PRATA DA CASAAngelo Neto:Tetra camp
- Page 155 and 156:
ABUSO DE PODER DOESTADO NA ATUALIDA
- Page 157 and 158:
esse Tribunal, receba nossos sincer
- Page 159:
Ouvidoria do TCMRJ:canal de comunic