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O Dinossauro - Ordem Livre

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119liberalizar. "Este diagnóstico das dificuldades do liberalismo no Brasil, apresentado porOliveira Vianna, fornece um ponto de referência para a reconsideração de duas das maisimportantes tradições do pensamento político brasileiro: a tradição do liberalismodoutrinário e a do autoritarismo instrumental." A intervenção do Estado não representa,portanto, segundo Oliveira Vianna, uma ameaça para os "cidadãos", mas sim sua únicaesperança, se é que havia alguma, de proteção contra a oligarquia. O liberalismo político nomomento seria impossível. A sociedade liberal requer um Estado suficientemente forte pararomper os elos da sociedade familística. Se o liberalismo político conduz, na realidade, àoligarquização do sistema e à utilização dos recursos públicos para propósitos privados,seria o autoritarismo instrumental da burocracia estatal suscetível de criar as condiçõessociais que tornariam, um dia, o liberalismo político viável. Tal o complexo de ideias queexplicaria o papel desempenhado, em primeiro lugar, pelo autoritarismo getuliano e, emsegundo lugar, pelo autoritarismo militar nos últimos cinquenta anos. Devo dizer queconcordo plenamente com a opinião de Ubiratan Macedo, hoje professor na Escola Superiorde Guerra, segundo o qual a doutrina da ESG representa a evolução do nacionalismo deAlberto Torres e do pensamento de Oliveira Vianna quanto às virtudes do autoritarismoinstrumental.Poderíamos deduzir das teses do sociólogo fluminense que as relações de domíniona estrutura da autoridade patrimonialista sedimentam-se como prolongamento dos poderesda família patriarcal. Em tal caso, os laços afetivos de relacionamento pessoal predominamsobre a estrutura abstrata da lei. O patrimonialismo estatal seria um prolongamento dopatrimonialismo familiar. Mas seria o caso de perguntar se um regime autoritário, numEstado agigantado, se revelaria realmente o instrumento mais eficiente para a superaçãodessa fase familista e clientelista de nossa história. Confesso que, durante muitos anos,também acreditei nesse autoritarismo instrumental. Hoje, sou mais cético. Parece-me queuma sociedade liberal, com a redução do poder estatal e fundamentada na responsabilidademoral de cidadãos responsáveis, deve ser uma lenta e penosa conquista da cultura e daeducação, uma Paideia de toda a nação. O assunto, de qualquer forma, merece atentaconsideração.* * *Estive em Nova York com o professor Alfred Stepan. Este conhecido"brazilianista" é autor de um dos livros mais interessantes sobre o período do regime de1964, Os militares na política. Stepan, que é hoje chefe do Departamento de Relações

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