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O Dinossauro - Ordem Livre

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134têm sorte mas, de qualquer forma, governados." Confessa-se este prestigioso comentaristafrancamente discípulo de Aristóteles, que enunciou tais conceitos relevantíssimos. Ohomem é um animal político e a necessidade de organização política é tão forte quanto oanseio de desenvolvimento, sendo, na verdade, condição do desenvolvimento. "A ciência daassociação", escrevia também Tocqueville, "é a mãe da ciência; o progresso de todo o restodepende do progresso que ela realiza". Ora, o problema da institucionalização do paíspermanece em suspenso há quase 60 anos: desde 1930! Em outras palavras, o ciclo quecomeçou com o triunfo da Aliança Liberal, que se extremou no período imediatamenteanterior ao Estado Novo, que pareceu se normalizar com a Constituição de 46, paranovamente se agravar após o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954 — esse ciclo, dizíamos,ainda não terminou. Nem com a chamada Nova República...Vale notar que, com as únicas exceções do hiato ditatorial de 1938/44 (o qualcoincidiu com a II Guerra Mundial e foi por ela favorecido), do governo Dutra e do períodoentre 1969 e 1975, marcado por uma concentração quase exclusiva sobre assuntoseconômicos — o Brasil tem vivido, durante a República, num estado permanente deagitação e indefinição política. Se, além disso, considerarmos que a República Velha nãofoi muito mais tranquila, nem funcionou como uma verdadeira democracia. Se recordarmosque foi uma oligarquia patrimonialista dominada pelos senhores de Minas e de São Paulo,dedicados, "p'ra inglês ver", enquanto tomavam café com leite, a uma farsa eleitoral muidistinta e mui sutil — chegaremos à melancólica conclusão de que o Brasil republicano nãoencontrou, até hoje, quando se aproxima de seu primeiro centenário, a sua forma adequadade organização política.Obcecada pelo modelo constitucional norte-americano, nossa República teima emquerer forçar numa cama de Procusto alienígena uma estrutura social que, evidentemente,exige outros tipos de instituições. Como resultado, sucedem-se governos, regimes econstituições (já alcunhadas de "publicações periódicas"...). As crises são constantes: 1922,1924, 1930, 32, 35, 37, 45, 54, 55, 61, 63, 64, 65, 68, 69, 79, 85... com experiências várias,golpes, eleições, revoluções, quarteladas, manifestações de rua, para todos os gostos e todasas inclinações, "Governo Provisório", tenentismo, constitucionalismo, comunismo,integralismo, "Estado Novo", queremismo e getulismo, contra-golpe de Lott, janismo,parlamentarismo, República sindicalista, "Revolução redentora", "Atos Institucionais" e"Atos Complementares" sem conta, aberturas e "Nova República" — e a "soluçãobrasileira" não é jamais encontrada. Ou por outra, é encontrada num eterno postergar. Numeterno compromisso. Num permanente "deixa para amanhã". Num adiamento sem fim em

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