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O Dinossauro - Ordem Livre

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278círculo vicioso de controle e vigilância da burocracia se faz, obviamente, com maisfacilidade — e, consequentemente, é ali a burocracia menor e mais eficiente — do que empopulações imaginativas de sangue quente latino e temperamento nervoso, como abrasileira. Entre nós, aparentemente, o problema não tem solução. Estamos mais bempreparados para o futebol ou o carnaval do que para a burocracia. Mas o paradoxo que sedestaca das cogitações de Crozier é que quanto mais bem adaptada é uma burocracia aotemperamento local, mais eficiente, e quanto mais eficiente, menos numerosa e opressiva.Entre nós a única solução um dia possível para o fenômeno burocrático é a repulsa àrobotização do indivíduo, coisa que só poderá ocorrer com o próprio robô. O computadorserá a única maneira de romper o círculo vicioso. Ele sempre será mais eficientementeimpessoal, mais mecânico, trabalhando sine ira et studio, sem irritação, sem preguiça, semímpetos grevistas ou pedidos de aumento ou intrigas de promoção, sem mau humor, emenos interessado em seduzir seus companheiros de sala do que em ser seduzido peloprocesso em pauta.De um lado, afirma Crozier, "a maior parte dos autores pensa que odesenvolvimento das organizações burocráticas corresponde ao advento do mundo modernoda racionalização e que, por esse motivo, é intrinsecamente superior a todas as demaisformas possíveis de organização; enquanto, do outro, muitos autores e frequentemente osmesmos, consideram as organizações como se fossem Leviatãs através dos quais se estápreparando a escravidão da raça humana" (p. 258). Crozier nota que a mesma atitudeparadoxal e às vezes ambígua está desde o princípio nas famosas análises de Weber. AlvinGouldner (citado por Crozier) salienta que os pensadores que se ocupam de burocracia"estão procurando ressuscitar a 'ciência lúgubre' do início do século XIX (a economiapolítica) em lugar de dizer-nos que a burocracia é inevitável" (em Complex Organizations,ed. Amitai Etzion, NY, 1962). Os pensadores pessimistas referidos por Crozier vão de RosaLuxemburgo e Leon Trotski a Bruno Rizzi, Simone Weil, C. Wright Mills e W. H. WhyteJr.Na América, logo depois da guerra, James Burnham profetizou a revolução dosmanagers, os grandes gerentes que se apossariam do poder político e econômico. BrunoBettelheim também se referiu à "burguesia estatal". Mais recentemente o russo Voslenskyvulgarizou o termo Nomenklatura, referente aos Who's who das personalidades burocráticasque controlam a URSS. Não nos cabe aqui aprofundar essas teses sobre o destino daburocracia. Observemos, contudo, que a noção de uma "nova classe" burocrática, noçãogeralmente acolhida pelos intelectuais, se distingue nitidamente da concepção crítica de

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