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O Dinossauro - Ordem Livre

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44Strauss alega que Hobbes, obviamente, "partiu, não como exigia a grande tradição, da 'lei'natural, isto é, de uma ordem objetiva, mas do 'direito' natural, isto é, de um reclamo(claim) subjetivo absolutamente justificador, o qual, longe de depender de qualquer outralei, ordem ou obrigação prévia, é ele próprio a origem de toda lei, ordem e obrigação." Amoral é assim por Hobbes integrada na lei positiva. Varia com esta à mercê das decisões doEstado, que é produto do egoísmo. A tese prosperaria com Hegel e com os cultores dodireito positivo. A responsabilidade de Hobbes reside, portanto, no fato de havercontrariado a Filosofia Perene do Ocidente ao estabelecer, primeiro, a absoluta prioridadedo indivíduo sobre a sociedade para, em seguida e contraditoriamente, propor o Estadocomo Leviatã, senhor absoluto do corpo e alma do indivíduo. Considerava, com isso, oindivíduo basicamente associal. O paradoxo perverso reside precisamente nesse fato queHobbes salienta os "direitos naturais" ou "direitos do homem" (como o farão de modocrescente os românticos da linha de Rousseau) em vez de enfatizar os "deveres" morais,sem os quais nenhuma sociedade verdadeiramente livre pode sobreviver. A questão que, emsuma, se coloca, tal como posso deduzir do arrazoado de Strauss, é a da alternativa racionalentre uma ordem imposta exteriormente, pelo medo da punição, e uma ordem internamentedeterminada pelo imperativo moral.Devemos, naturalmente, admitir que Hobbes acreditava nos postulados de ondededuziu a monstruosa tese de absolutismo lógico. Também podemos seguir a opinião de G.Sabine (History of Political Thought), de que "sua filosofia ilustra a frase de Bacon segundoa qual 'a verdade mais facilmente emerge a partir do erro do que a partir da confusão'".Harald Höffding (A History of Modem Philosophy) admite igualmente que Hobbes sejaimportante "principalmente pela clareza com a qual expôs as limitações da hipótesematerialista". Na verdade, levou Hobbes às suas últimas consequências as pressuposiçõesradicais da Idade da Razão e, no Leviatã, foi alcançada uma profundidade de visão sobre osfundamentos do Estado nacional soberano cuja importância indiscutível só se torna óbviaquando posta em contraste com as ideias ainda mais falaciosas dos Românticos liberais.Mas o trabalho intelectual consciente, baseado nos postulados exigentes domaterialismo racionalista, deve haver evocado os monstros mais terríveis na sombra dapsique de Hobbes. Estes fantasmas só se tornam manifestos para o agudo observadorquando descobre os vícios de rigidez, o pessimismo e as contradições internas de sua vida ede seu pensamento. O filósofo foi um empiricista que fundamentou seus conceitos emprincípios de matemática completamente arbitrários e não provados, assim como em umahipótese antropológica sobre o "estado de natureza" também sem qualquer alicerce

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