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O Dinossauro - Ordem Livre

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148consubstanciavam naquilo que denomino o "nacional-socialismo" terceiro-mundista. Foientretanto bem no centro, no autoritarismo positivista e personalista de Getúlio Vargas, quedesaguaram as fontes filosóficas tendentes a tornar o Estado, no Brasil, mais forte que asociedade. O estudo de Oliveiros Ferreira procura origens mais remotas ao sistema deoligarquia estatal. É pena, nesse sentido — e é a única restrição que faço a seu trabalho —que o ilustre jornalista e intelectual não haja recorrido à noção weberiana dePatrimonialismo como vertente do tipo de autoridade tradicional que domina nossa história.No Patrimonialismo, tal como o define Max Weber — é verdade que de um modo um tantovago — encontramos a explicação adequada para essa visão tão caracteristicamente nossaque confunde a esfera da Res Publica com a do interesse privado. Ora, é na reação àconfusão patrimonialista entre o público e o privado que devemos também entender osmotivos dos protestos de uma mentalidade, já crismada pela racionalidade moderna, quandose escandaliza com o que qualifica de corrupção. O homem público que acha que seu cargoé um patrimônio pessoal e familiar legítimo não compreende a acusação. A distinçãonecessária entre a esfera do público e do privado só aparece num estágio muito maisavançado de consciência política o qual, infelizmente, ainda não alcançamos...A Coisa Nossa brasileira não é necessariamente uma organização criminosaporque é tradicional. A Máfia siciliana também não é, na Sicília, considerada criminosa.Considera-se, ao contrário, uma "honrada sociedade". Ela constitui tão-somente, comoacentua nosso autor, uma coterie. "Uma teia de relações sociais, às vezes centrada no que sepoderia chamar de estruturas de parentesco, o mais das vezes tecidas na intimidade,primeiro, das experiências comuns nos bancos acadêmicos, depois na compartilha de iguaisvicissitudes do início da vida profissional, dos mesmos desejos de fugir àsresponsabilidades do trabalho assalariado", etc. "A Coisa Nossa é uma coterie, ou se sequiser, no sentido da gíria brasileira, uma patota, isto é, grupo ou bando que, até se poderiadizer, faz patotadas." Os membros do sistema burocrático ou o que mais recentementetambém se designa como Nova Classe ou Nomenklatura, "vivem de e pelo aparelho doEstado. Não diria que são corruptos ou cínicos, quando aceitam favores deste ou daquele aquem um dia favorecerão ... Eles têm esses favores que são cumulados como coisa natural:é parte inerente da função receber presentes!"O autor dedica uma parte importante de seu ensaio para pesquisar o papel que, namanutenção e prosperidade do sistema social-estatizante, desempenharam os militares,tanto os da ativa, sustentando-lhe o poder com a força bruta, quanto os da reserva,guarnecendo-lhe os quadros dirigentes. A oligarquia estatal profissional não é, contudo,

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