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O Dinossauro - Ordem Livre

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194aliás, era na época diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio deJaneiro. Terminaria a vida como Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores,um cargo que foi outrora preenchido por sumidades como Clóvis Beviláqua, Levy Carneiro,Hildebrando Accioly e Haroldo Valladão. Ao morrer, a família promoveu-o a"Embaixador", com cujas honras foi enterrado...Naquela ocasião, estava eu tentando obter, no Rio de Janeiro, o meu diploma debacharel em ciências jurídicas e sociais por terminação de curso em 1939 — diploma quehavia descurado de retirar em época oportuna, em virtude de não me ser útil na carreiradiplomática. O documento se me tornava agora imprescindível para o exercício de atividadedocente na Universidade de Brasília, conforme projeto que acariciava. Durante mais de trêsmeses meu procurador no Rio tentou, inutilmente, obter o tal diploma na Faculdade deDireito. A indústria de dificuldades para vender facilidades funcionava, porém, a plenorendimento: me exigiam provas infinitas de quitação com o serviço militar, de terminaçãode curso secundário, além de levantarem toda espécie de objeções oriundas de pequenasdiscrepâncias na grafia de meu nome no curso primário. Pensei comigo mesmo: se eu,embaixador, assessor do próprio Ministro da Educação, funcionário público então com maisde trinta anos de serviço, encontrava tamanhos obstáculos e chicanas para arrancar odocumento da Faculdade, o que não deveria ser então a via crucis de um pobre estudantesem pistolão que tivesse terminado o curso e desejasse, com urgência, exercer a suaprofissão na advocacia! Naquele momento exato, a imprensa anunciou um escândalo dederrame de diplomas falsos da mesma faculdade. Indignado, reclamei do Ministro e escreviuma carta ao Jornal do Brasil, que foi publicada. Para terminar a conversa: o Ministrojulgou nossa convivência impossível. Retirei-me, aliviado, e fui removido para aEmbaixada na Noruega onde encontraria um clima mais frio, porém mais honesto...Quero terminar este pequeno interlúdio memoroso sobre experiências pessoaiscom o <strong>Dinossauro</strong>, relatando o caso estupendo de um outro parasita e charlatão do serviçopúblico que exemplifica às escancaras o baixo nível moral, comumente vigorante nofuncionalismo brasileiro. Esse cavalheiro exerceu durante anos a função de "adidocomercial" em Paris. Era regiamente pago em dólares, numa quantia apenas pouco inferiorà do embaixador de quem dependia. Na realidade, seu sucesso em manter-se na Cidade Luz,sólido como a Torre Eiffel, se devia unicamente ao exercício pouco recomendável daprofissão de caften. Arranjava mulheres (e que mulheres!) para todos os magnatas daburocracia botocuda que frequentavam Pigalle, Montmartre ou o Quartier Latin. Diziamque seu principal protetor era o então vice-presidente da República... O personagem,

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