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O Dinossauro - Ordem Livre

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145vontade objetiva que se desenvolve e reforça a dos indivíduos, para que esta se possarealizar completamente; não é a sociedade politicamente organizada que, como um espelhomágico, transmite ao indivíduo, com sua imagem, um poder novo; são, antes de tudo, asforças vivas, as personalidades que agem e têm em suas mãos as alavancas do comando.Não são as instituições, não é a autoridade que se respeita, seja qual for o indivíduo em queela se instalou; mas os personagens que detêm o poder ou se agitam no cenário político,envolvendo-se numa auréola de prestígio... Esse respeito e essa atração pelasindividualidades sobranceiras não apresentam, no entanto, o caráter místico de devoção atéo sacrifício que costumam impor, aos indivíduos atraídos pelo seu magnetismo, os grandeschefes e condutores de massas; desconfiado e irreverente, enamorado do acontecimento eda sensação, o brasileiro manifesta, nessa atitude, antes um interesse quase espetacular pelaforça atuante dos tipos representativos e um constante esforço para despojar das fisionomiasreais, humanas, a que às vezes tenta prender-se, a máscara fascinadora de predestinados".Uma das dificuldades sensíveis da luta contra o <strong>Dinossauro</strong>, entre nós, e contra suaintervenção na economia é há muito conhecida. Tão fortemente entrincheirado na tradição enos hábitos empresariais é o fato de que o próprio setor privado não se julga, muitas vezes,inclinado a enfrentar os árduos riscos do empreendimento, recorrendo ao Estado quando ascoisas andam mal: "O governo deve fazer isso. O governo deve fazer aquilo"... Oempresário a ele recorre também, como rotina e quando pode, para aumentar seus lucros acusta de empréstimos baratos dos bancos oficiais, obtidos por pistolão. Sem fazer esforço.Como observou o senador Roberto Campos, é o hábito curioso de "privatizar os lucros esocializar os prejuízos"... Os bancos que arrebentam por incapacidade ou malandragem deseus diretores são imediatamente encampados pelo governo, de tal maneira que o públicoleva invariavelmente na cabeça, o público que paga impostos. Isso é realizado com opretexto de proteger os infelizes correntistas e os empregados da empresa falida. Narealidade, os diretores responsáveis acabam quase sempre ganhando com a operação erecebendo de volta, com lucro, seus bens penhorados. Existe uma velha definição daempresa privada como uma "empresa controlada pelo governo", sendo a empresa públicaaquela que "não é controlada por ninguém", mesmo se, na aparência, é administrada porcoronéis reformados, tecnocratas profissionais, amigos do presidente da República oupolíticos fisiológicos. O fenômeno é, em suma, um reflexo de uma mentalidadegeneralizada no povo de inteira dependência em relação ao paternalismo do governo. Aimpotência da iniciativa privada — salvo em São Paulo e áreas de influência paulista —está profundamente entranhada na cultura popular. Qualquer coisa que não funcione na vida

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