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O Dinossauro - Ordem Livre

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57imediatamente sensíveis. É na controvérsia entre os Racionalistas — com tendência para ochamado "Despotismo Esclarecido" — e os Românticos, com pendor para a libertinagemterrorística, que foi preparado o terreno para o Modernismo totalitário. Nela encontramos afonte original do curso lamentável de acontecimentos que conduziram aos desastres doséculo XX.O pensamento político de Platão e de seus discípulos, o dos Estoicos romanos, dosSantos Padres cristãos, de Sto. Agostinho e dos Escolásticos preocupou-se com princípiosabstratos tais como a Lei, a ideia de Justiça, o ideal de Liberdade, o conceito de autoridadee o dualismo de lealdades. O que, em última análise, se reduz à procura de uma definiçãoexata das relações mais perfeitas entre as duas cidades: a Cidade de Deus em nós; e a cidadeexterior, a cidade concreta no mundo social objetivo. Desde a Renascença, porém, o aspectopsicologicamente subjetivo da política — a politeia da Cidade da Alma — éprogressivamente posto de lado e toda a atenção se focaliza sobre os aspectos objetivos. Aconcepção do Estado Legal era necessária para garantir a segurança e a ordem da Cidade, epor conseguinte uma soma suficiente de poder deveria ser concedida à personificação daautoridade máxima, o rei, líder ou imperador, de modo que sua ação para o Bem-Comum setornasse tão eficiente quanto possível. Mas a Lei também deveria assegurar a Liberdade e oBem-Estar dos cidadãos. O problema em discussão consistiria em encontrar um equilíbrioideal entre duas tendências opostas: o Eros dos afetos e das paixões entre indivíduos quedesejam agir livremente; e a força disciplinadora do Logos que contempla uma ordemracional, imposta pelo Estado e protetora da segurança de todos. Além disso, grandesdebates foram ouvidos em torno da questão de se saber se o Logos imanente, como a Razãoda ordem legal positiva (e a Razão de Estado), se deveria encarnar em uma única pessoa —rei, imperador ou sumo pontífice — ou se deveria, eventualmente, ser "descentralizada" eabstraída num regime democrático de "poliarquia", entre todas as classes de cidadãos,tomados individualmente.O problema da representação no Estado Legal e a escolha do "melhor sistema degoverno" constituíram a substância dos arrazoados que atroaram durante os grandes séculosda cultura europeia e ainda hoje não terminaram, tecendo o manto elaborado de nossavivência política. No decorrer de tal debate, porém, tornou-se cada vez mais claro que,quanto mais a filosofia, em sua análise dos fundamentos da vida política, dirigia a suaatenção para a periferia objetiva da Cidade, tanto mais assim forçava a dissociação entre"esquerda" e "direita" dos componentes, erótico e lógico, de sua estrutura arquetípica. Essescomponentes, precisamente como resultado da dissociação, principiaram a concentrar

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