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O Dinossauro - Ordem Livre

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154expressa na atividade legislativa e regulamentar. Desde o primeiro século da históriabrasileira, a realidade se faz e se constrói com decretos, alvarás e ordens regias. A terrainculta e selvagem, desconhecida e remota, recebe a forma do alto e de longe, com a ordemadministrativa da metrópole. Quando os colonos, isolados e perdidos nas distâncias,ameaçam ruralizar e extremar-se no localismo, a fundação da vila serve para lembrar aautoridade da Coroa, empenhada em substituir a força dos patriarcas pela justiça régia" (p.149).O ponto essencial do debate em que, por conseguinte, se deveria a sociologiabrasileira empenhar é o de esclarecer a natureza exata e intensidade da tensão que perdurouentre a estrutura feudal da aristocracia rural, na Casa Grande, estrutura propícia aodesenvolvimento da propriedade privada e da liberdade, e a tradição portuguesa,paternalista, de um forte Estado patrimonial centralizador. Se é verdade que o feudalismonunca se desenvolveu perfeitamente em Portugal, salvo na área norte do país, do lado daGalícia. Se também é certo que as circunstâncias especiais da luta contra os mourosestimulou o crescimento precoce de uma instância burocrática centralizadora. Se é aindapossível que tenha esse Estado — como pensa Ricardo Vélez Rodríguez — herdado dospróprios mouros um certo atavismo de "despotismo oriental", associado ao modo deprodução dito "hidráulico" — então consistiria o problema em caracterizar, 1) a maneiracomo espontaneamente surgiu uma organização feudal na área rural sertaneja e, 2) atransferência para o Brasil, desde o início do Governo Geral em Salvador, do sistema doEstado patrimonialista burocratizado, com o poder de controle da economia, e sobretudo docomércio externo, pelo soberano. Levar-se-ia em conta que, enquanto o desenvolvimentocolonial empreendido pelos ingleses e holandeses recorria principalmente à iniciativaprivada das grandes "companhias das Índias", na América ibérica a colonização foipermanentemente dirigida pelo Estado. No exame dessas condições históricas, sesustentaria claramente o debate. E compreenderíamos em que condições os fermentos domercantilismo foram lançados no Brasil, em chão tão fértil e hora tão matinal...O certo é que a empresa colonizadora, nos primeiros séculos da ocupação doterritório, revela um nítido caráter mercantilista conforme a tradição dominante durantetodo o período da gloriosa dinastia de Avis. Contrariando Sombart, Oliveira Martins eSílvio Romero, poderíamos negar a natureza feudal do sistema de capitanias e enfatizar opapel que, desde o princípio do século XVII, desempenhou o Governo Geral na conduçãoda política mercantilista. Efetivamente, nota-se uma ponderável diferença entre esse métodode colonização centralizado (semelhante naturalmente ao que adotara a Espanha em seus

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