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O Dinossauro - Ordem Livre

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244norte do rio Grande. Numa época em que o regime militar brasileiro era objeto derepugnância universal na Europa e na América, a popularidade do sistema ditatorialmexicano causava espanto, sem outra explicação do que a eficácia maravilhosa da retóricade esquerda. Mais recentemente, dois outros elementos do quadro mexicano atraem aatenção: 1) mais adiantado do que o nosso país está o México no processo de estatizaçãodos meios de produção; e 2) mais avançado também do que o Brasil o fenômeno decorrupção, inseparável desse tipo de socialismo, ardilosamente acoimado de "capitalismo deEstado"...Cultivado o modelo mexicano por nossa intelligentsia tupiniquim, na verdadeverificamos que a estrutura de um estado socialista já está montada em torno doPopocatepelt. Aztecas, toltecas, chichimecas, olmecas e tlaxcatecas já mantêm pesadashipotecas sobre o regime, não faltando nem o suporte intelectual da legitimação ideológica,nem os prodigiosos vícios da Nomenklatura dominante. As estimativas oficiais mexicanassugerem um comando pelo Estado de 75% da economia. As estimativas privadas elevam ocálculo para 85%. A estatização de 57 bancos particulares em 1983 teria contribuído paraultrapassar os 3/4 confessados pelo governo, de conformidade com o programado no PlanoNacional de Desenvolvimento proposto pelo presidente De la Madrid. As diretrizes doPlano não são tanto marxista-leninistas. São estalinistas. Foi Stalin o grande inventor dosplanos quinquenais para a coletivização forçada e a industrialização a galope. O poder daclasse média empresarial está sendo reduzido pela crise inflacionária e a recessãoexternamente imposta. Sobram apenas, como setor enérgico da economia industrial, osgrandes investimentos estrangeiros, mormente americanos.Em recente visita ao México fui surpreendido por diversas facetas de umarealidade complexa e singular, com as cores fortes e os sabores picantes do huitlacoche, doschiles e das mazorcas de milho. Certo, orgulha-se o México de uma poderosapersonalidade. Nenhum outro povo latino-americano, nem mesmo o Brasil, se lhe comparano vigor do caráter nacional; na singularidade de um temperamento violento, apaixonado ecriativo. Apesar de tudo, o país é muito mais homogêneo racialmente do que o nosso e seachega a um estágio bem mais avançado, no processo de amadurecimento e identificaçãonacional. As origens mexicanas são claras: o choque do conquistador espanhol e da massaindígena no trauma do longo crepúsculo colonial. A nação ainda vive o estraçalhamento deTlatleloco, na noche triste de Cortez — esse gigante que a memória histórica da raçaprocura obstinadamente esquecer. Samuel Ramos e Octávio Paz nos falam do perfil dohomem mexicano, passavelmente esquizofrênico e perdido no "labirinto de la soledad" que

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