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O Dinossauro - Ordem Livre

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158descrever como expressão econômica da monarquia absoluta e da autoridadepatrimonialista: o Mercantilismo. No fundo, como aponta Antônio Paim, é ainda o espíritodo marquês de Pombal que aqui impera.Hannah Arendt só superficialmente se refere ao aparecimento do mercantilismo(em The Origins of Totalitarianism) como tentativa do Estado monárquico em decadênciade obter o monopólio compacto sobre o comércio e a indústria das nações. Mas o desastreque disso resultou foi provocado pela resistência concertada da burguesia mercante emascensão (o que chamaríamos a classe média urbana) que deslanchou a revolução liberal, naInglaterra e, a partir do século XIX, no resto da Europa ocidental — com o trauma daRevolução francesa e Napoleão no meio. Quando, em 1776, o ano da Independênciaamericana, publicou Adam Smith sua obra momentosa — o Inquérito concernente ànatureza e às causas da riqueza das Nações — o Mercantilismo ainda dominava, na teoriae na prática, a economia das principais nações europeias. A Inglaterra era a primeira ainiciar o processo de industrialização. Sinais muito tênues então apenas emergiam darevolução tecnológica que ia transformar o planeta.Em sua Formação econômica do Brasil, acentua Celso Furtado estar implícito nateoria mercantilista, tal como se desenvolveu no Brasil, que, "se um país importava mais doque exportava — criando-se um desequilíbrio em sua balança de pagamentos, esse país severia obrigado a exportar ouro, reduzindo-se consequentemente o seu meio circulante. Essaredução, de acordo com a teoria quantitativa, deveria acarretar uma baixa de preços —contrapartida da alta do preço do ouro — criando-se automaticamente um estímulo àsexportações e um desequilíbrio nas importações, o que traria consigo a correção dodesequilíbrio". Os empréstimos externos ajudariam, nesse mecanismo automático, arestaurar, em tempo de crise, a harmonia preestabelecida do comércio internacional.O Mercantilismo foi definido por Jacob Viner (em "The Intellectual History ofLaissez-Faire", Journal of Law & Economics, out. 1960) como "o corpo de doutrinas queexpunha e, na prática, empregava meios pelos quais o governo podia forçar o interesseprivado, submetido a taxas, impostos de exportação e importação, proibições várias,subsídios e outras medidas coercitivas e regulatórias, a se exercer no sentido de aumentar ariqueza nacional e o poder nacional". Não parecerá essa uma definição que se adapta às milmaravilhas ao desenvolvimento brasileiro, especialmente sob a forma obsessiva de aumentodo poder nacional que tomou durante o regime de autoridade tecnocrático-militar?Tecnicamente, não estavam os mercantilistas interessados em economia, mas em podernacional. Poder nacional! O sistema era militarizado no sentido que os déspotas

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