27.07.2020 Views

Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

9 de abril de 1778

i

Meu nome é Élise de la Serre. Tenho 10 anos. Meu pai se chama François, minha mãe,

Julie, e moramos em Versalhes: a reluzente e bela Versalhes, onde construções elegantes e

palacetes existem à sombra do grande palácio, com avenidas cercadas por tílias, lagos e

fontes cintilantes, topiaria primorosamente aparada.

Somos nobres. Os nascidos em berço de ouro. Os privilegiados. Para comprovar,

precisamos apenas tomar a estrada de cerca de 25 quilômetros até Paris. É uma estrada

iluminada por lamparinas a óleo suspensas, pois em Versalhes usamos coisas assim, mas

em Paris os pobres usam velas de sebo, e a fumaça das fábricas de sebo jaz sobre a cidade

como uma mortalha, sujando a pele e sufocando os pulmões. Vestidos em farrapos, de

costas recurvadas – seja pelo peso do fardo físico ou pela tristeza espiritual –, os pobres

de Paris arrastam-se pelas ruas que nunca parecem receber luz. O esgoto corre a céu

aberto por elas, e, nele, lama e dejetos humanos escoam livremente, cobrindo as pernas

daqueles que carregam nossas liteiras enquanto passamos perante olhos arregalados nas

janelas.

Mais tarde tomamos carruagens douradas de volta a Versalhes e passamos por vultos

nos campos, envoltos em neblina como espectros. Estes camponeses descalços cuidam

das terras dos nobres e passam fome quando a safra é ruim, praticamente escravos de

seus senhores. Em casa, ouço histórias que meus pais contam, de como os lacaios devem

ficar acordados para açoitar sapos cujo coaxar não deixa seus senhores dormirem; sobre

como devem comer grama para permanecerem vivos; histórias que dizem que nobres são

isentos do pagamento de impostos, dispensados do serviço militar e poupados da

indignidade da corvée, um dia de trabalho não remunerado nas estradas.

Meus pais dizem que a rainha Maria Antonieta perambula pelos corredores, salões de

baile e vestíbulos do palácio sonhando com novas maneiras de gastar seu auxílio para

vestuário, ao passo que o marido, o rei Luís XVI, relaxa em seu lit de justice, aprovando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!