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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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alguns dias na época do Natal, enquanto o restante do ano era passado submetendo-se aos

regimes da Maison Royale. Élise não era de aceitar regimes. A não ser que lhe fossem

adequados. O regime de aprender a espada com o Sr. Weatherall era muito do estilo

“Élise”; o regime na escola, por outro lado, era muito do tipo “não Élise”. Ela odiava as

restrições da vida escolar. Detestava ter de aprender “habilidades” como bordado e

música. Assim, em seu diário, há texto após texto a respeito das confusões nas quais ela

se metera na escola. As anotações em si tornam-se repetitivas. Anos e anos de infelicidade

e frustração.

Na escola, as meninas eram separadas em grupos, cada qual com uma aluna chefe. É

claro que Élise foi de encontro à chefe de seu grupo, Valerie, e as duas entraram em

combate. Elas literalmente entraram em combate. Às vezes, leio com a mão na boca, sem

saber se devo rir do atrevimento de Élise ou ficar chocado.

Repetidas vezes, Élise foi levada perante a detestada diretora, Madame Levene,

solicitada a se explicar e depois castigada.

E repetidas vezes ela reagia com insolência, e isso agravava a situação, então a

severidade das punições aumentava. E quanto mais as punições aumentavam, mais rebelde

Élise se revelava, e quanto mais rebelde ficava, mais era levada perante a diretora e mais

insolente se mostrava, e mais aumentavam os castigos...

Sei que costumava se meter em problemas, naturalmente, porque, embora tivéssemos

nos visto raras vezes durante este período — com meros olhares furtivos pelas janelas do

preceptor durante suas breves férias, o ocasional aceno pesaroso —, nos

correspondíamos com regularidade. Eu era um órfão que nunca recebia cartas e a

novidade de recebê-las de Élise jamais perdia a graça. E é claro que ela escrevia sobre o

ódio pela escola, mas a correspondência carecia dos detalhes de seu diário, do qual

pulsava o desprezo e o desdém que Élise sentia pelas outras alunas, pelas professoras e

pela odiada diretora, Madame Levene. Nem mesmo uma enorme exibição de fogos de

artifício para comemorar o centenário da escola em 1786 pôde fazer algo para melhorar

seu humor. O rei aparentemente se postara nos terraços de Versalhes para desfrutar da

imensa exibição, mas nem isso foi suficiente para animar Élise. Em vez disso, o diário

estava repleto de um senso de injustiça e de uma Élise divergindo do mundo à sua volta —

página após página e ano após ano do meu amor falhando em enxergar o círculo vicioso

no qual ela estava presa. Uma página depois da outra de Élise deixando de perceber que o

que ela fazia não era rebeldia. Era luto.

E, continuando a ler, comecei a descobrir que havia algo mais que ela escondia de

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