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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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Pensei em avançar para ajudar, mas sabia que, se o fizesse, estaria assinando minha

sentença de morte. Em vez disso, só me restou observar o cavalariço ser arrancado de seu

assento imperioso, e o espancamento começou.

Ele não merecia aquilo. Ninguém merecia ser espancado por uma multidão, afinal era

algo indiscriminado e cruel, e impelido pelo puro desejo coletivo de sangue. Mesmo

assim, ele nada fez para se proteger de seu destino. Toda Paris sabia que a Bastilha havia

caído. O Ancien Régime já vinha se esfacelando, mas em apenas uma manhã ruíra

completamente. Fingir o contrário era loucura. Ou, neste caso, suicídio.

O cocheiro conseguiu fugir. Enquanto isso, integrantes da multidão subiam no alto da

carruagem, abrindo baús e atirando as roupas do teto enquanto buscavam bens de valor.

As portas foram arrancadas e uma mulher, aos protestos, arrastada de dentro da

condução. A multidão riu quando um dos manifestantes plantou um pé no traseiro da

senhora e ela caiu estatelada no chão.

Da carruagem, veio um berro de protesto:

— Mas o que significa tudo isso? — E meu coração afundou um pouco mais no peito

ao ouvir o tom habitual de indignação aristocrata naquela voz. Seria ele tão burro? Seria

tão burro a ponto de não perceber que ele e sua classe não possuíam mais o direito de

falar naquele tom? Ele e sua classe não estavam mais no poder.

Ouvi as roupas do sujeito sendo rasgadas enquanto o arrancavam da carruagem. Sua

mulher foi tocada dali, gritando pela rua, impelida por uma série de pontapés no traseiro,

e perguntei-me como ela se viraria sozinha por uma Paris caótica, bem diferente daquela

que ela conhecera em sua vida toda. Duvidei que fosse sobreviver até o fim do dia.

Ao prosseguir, minhas esperanças começaram a desvanecer. Pelo que parecia,

saqueadores brotavam das casas de ambos os lados da via. No ar, o estampido de

mosquetes e o barulho de vidro se quebrando continuavam, gritos triunfantes daqueles

que conseguiam o que queriam, gritos desanimados dos que não tinham tido sorte.

Agora eu estava correndo, a espada ainda em riste e pronta para enfrentar qualquer

um que se colocasse entre mim e meu château. Meu coração martelava nos ouvidos. Eu

rezava para que a criadagem tivesse conseguido ir embora; para que a turba ainda não

tivesse chegado à nossa propriedade. Só conseguia pensar no meu baú. O qual, dentre

outras coisas, continha as cartas de Haytham Kenway e o colar dado a mim por Jennifer

Scott. Algumas bugigangas que eu tinha guardado com o passar dos anos, coisas que

tinham significado para mim.

Chegando aos portões vi o mordomo, Pierre, parado com uma mala abraçada ao

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