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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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— Monsieur — falei, na esperança de que de algum modo meu desespero penetrasse o

véu do álcool, mas os olhos dele estavam vidrados e o rosto, encharcado de bebida.

No segundo seguinte, eu estava berrando de dor, sentindo o calcanhar de uma bota

pousando no dorso de minha mão, triturando a carne e fazendo-me soltar a espada.

Outro pé afastou minha amada espada; olhei e tentei me levantar, porém mãos me

agarraram e me puxaram para cima. Meus olhos desesperados foram da multidão que se

retraía, a maioria rindo e desfrutando do espetáculo, ao bêbado prostrado e então à

minha espada curta, que agora estava embaixo da mesa, fora de alcance. Eu esperneava e

me contorcia. Diante de mim estava o Intermediário, brandindo a faca, os lábios

repuxados em um sorriso sem humor, os dentes ainda mascando em volta da haste do

cachimbo. Ouvi uma porta se abrir atrás de mim, uma rajada súbita de vento frio, então

fui arrastada para a noite.

Tudo aconteceu muito rapidamente. Em um instante eu estava na taberna lotada, no

seguinte em um pátio quase vazio, apenas eu, o Intermediário e os dois brutamontes.

Empurraram-me ao chão e ali fiquei por um segundo, resmungando e tentando tomar ar,

procurando mostrar bravura, mas, intimamente, pensando: burra... Garotinha burra,

inexperiente e arrogante.

Mas que diabos eu tinha na cabeça?

O pátio se abria para o porto na frente da taberna, onde a poucos metros passava

gente que ignorava ou não se importava com meus apuros. Não muito longe dali, havia

uma pequena carruagem. Agora o Intermediário subia nela, um de seus brutamontes

agarrando-me rudemente pelos ombros enquanto o outro abria a porta. Tive o vislumbre

de outra mulher dentro dela, mais jovem do que eu, talvez com 15 ou 16 anos, cabelos

louros caindo pelos ombros, usando avental marrom esfarrapado, o traje de uma

camponesa. Seus olhos estavam arregalados e assustados, e a boca se abriu em um apelo

abafado pelos meus próprios gritos. O brutamontes carregou-me facilmente, mas quando

tentou me jogar para dentro da carruagem, meus pés encontraram escora na lateral, os

joelhos se dobraram e me impulsionei, forçando-o de volta ao pátio e fazendo-o

praguejar. Usei a força de nosso ímpeto a meu favor, girando novamente para que desta

vez ele perdesse o equilíbrio e nós dois caíssemos no chão.

Nossa dança foi recebida com uma gargalhada do Intermediário, de lá do alto da

carruagem, bem como do brutamontes que segurava a porta, e por trás da alegria deles

pude ouvir o choro da garota e compreendi que se os bandidos conseguissem me enfiar

dentro da carruagem, ambas estaríamos perdidas.

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