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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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25 de janeiro de 1788

Logo depois do almoço, Judith veio me ver. A mesmíssima Judith de quem ouvi o boato

sobre o amante de Madame Levene. Nem minha inimiga nem admiradora, Judith manteve

o rosto impassível quando me deu a notícia de que a diretora queria me ver prontamente

em sua sala, a fim de falar do roubo de uma ferradura da porta do dormitório.

Fiz uma expressão temerosa, como quem diz “Ah, meu Deus, de novo não. Quando

esta tortura terá fim?”, quando na realidade eu não poderia estar mais empolgada.

Madame Levene estava em minhas mãos. Entregue a mim em uma bandeja estava a

oportunidade de ouro de dar a ela a boa nova de que eu sabia tudo sobre seu amante,

Jacques, porque enquanto ela achava que me castigaria com a vara por roubar a ferradura

do dormitório, na realidade eu não ficaria com a habitual ardência na palma da mão e

uma sensação fervilhante de injustiça, mas com uma carta para meu pai. Uma carta na

qual Madame Levene lhe informaria que sua filha Élise estava de partida para

aprendizagem individual de inglês em... adivinhe só.

Isto é, se tudo saísse de acordo com meus planos.

Já à porta da sala dela, bati fortemente, entrei e depois, com os ombros eretos e o

queixo empinado, atravessei o cômodo até onde ela estava sentada, diante da janela, e

joguei a ferradura em sua mesa.

Houve um instante de silêncio. Aqueles olhos de miçanga fixaram-se no pedaço

indesejado de ferro enferrujado em sua mesa, depois se ergueram aos meus, mas em vez

do olhar habitual de desdém e ódio mal disfarçado, havia outra coisa ali — uma emoção

indecifrável que eu jamais tinha visto nela.

— Ah — disse ela com um leve tremor na voz —, muito bem. Você devolveu a

ferradura roubada.

— Era por isso que queria me ver, não? — falei cautelosamente, de súbito menos

segura de mim.

— Foi o que eu disse a Judith como justificativa para vê-la, sim. — Ela estendeu a mão

por baixo da mesa e ouvi o som de uma gaveta se abrindo. — Mas havia outra razão.

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