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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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Senti um arrepio, mal me atrevi a perguntar:

— E o que é, madame?

— Isto — disse ela, colocando algo na mesa à sua frente.

Era meu diário. Senti meus olhos se arregalarem e de repente fiquei sem ar. Meus

punhos se flexionavam.

— A senhora... — experimentei, mas não consegui terminar. — A senhora...

Ela ergueu um dedo ossudo e trêmulo para mim e seus olhos faiscaram quando a voz

se elevou, sua raiva fazendo par com a minha.

— Não me venha com o papel de vítima, jovenzinha. Não depois do que li.

O dedo bateu na capa do diário. Ali dentro estavam meus pensamentos mais íntimos,

arrancados de seu esconderijo, debaixo de meu colchão. Examinados por minha inimiga

mais odiada.

Meu mau humor agora aumentava. Eu lutava para controlar a respiração e meus

ombros se erguiam e caíam, os punhos ainda se abrindo e fechando.

— O quanto... o quanto a senhora leu? — consegui questionar.

— O suficiente para saber que você planejava chantagear-me — disse ela sucintamente.

— Nem mais, nem menos.

Mesmo no calor de minha fúria, a ironia não me passou despercebida. Ambas fomos

apanhadas — içadas a meio caminho entre a vergonha de nossos atos e o ultraje pelo que

nos fizeram. Eu mesma sentia uma forte mistura de fúria, culpa e puro ódio e, em minha

mente, delineava minha imagem saltando sobre a mesa, as mãos agarrando o pescoço dela

enquanto seus olhos se esbugalhavam por trás dos óculos redondos...

Em vez disso, simplesmente a encarei, incapaz de compreender o que acontecia.

— Como pôde?

— Porque eu vi você, Élise de la Serre. Eu a vi esgueirando-se em volta do chalé

naquela noite. Eu a vi espionando a mim e Jacques. Então pensei, sensatamente, que seu

diário poderia me esclarecer suas intenções. Nega que pretendia me chantagear, De la

Serre? — Seu rubor aumentava. — Chantagear a diretora da escola?

Mas nossa fúria estava em conflito.

— Ler meu diário é imperdoável — censurei, enfurecida.

A voz dela se elevou.

— O que você planejava fazer era imperdoável. Chantagem. — Ela cuspiu a palavra

como se não conseguisse acreditar. Como se nunca tivesse conhecido tal conceito.

Empertiguei-me.

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